“Câmara virou uma grande pizzaria”, protesta autor de pedido de cassação
Farmacêutico disse que todos perderam com absolvições de Cirilo Ramão, Pedro Pepa e Idenor Machado, salvos pelo “grupo dos 6”
Líder do movimento Dourados contra a Corrupção, o farmacêutico Racib Panage Harb disse que a Câmara da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul virou “uma grande pizzaria” com as absolvições dos vereadores Pastor Cirilo Ramão (MDB), Pedro Pepa (DEM) e Idenor Machado (PSDB), presos e denunciados no âmbito da Operação Cifra Negra.
Foi Racib que, no dia 4 de fevereiro, pediu a cassação dos três e da vereadora Denize Portolann (PR) – ré na Operação Pregão – por quebra de decoro. Denize foi a única cassada, no dia 7 deste mês, por unanimidade. Cirilo e Pepa foram absolvidos na semana passada e Idenor na noite de ontem (20).
Nos três casos, os pedidos de cassação foram arquivados por falta de votos suficientes para a perda de mandato. Seriam necessários 13 votos – dois terços de 19 vereadores – mas o chamado “Grupo dos 6” votou contra a denúncia.
Na sessão de ontem, até os vereadores Jânio Miguel (PR) e Junior Rodrigues (PR), que tinham assinado relatório defendendo a quebra de decoro por parte de Idenor, votaram contra a cassação.
Antes mesmo do final da sessão de julgamento de Idenor, Racib levou uma pizza gigante para a Câmara e deixou em um balcão do saguão, em frente à Galeria dos Presidentes.
Enquanto o advogado de Idenor, Felipe Cazuo Azuma, defendia em plenário a tese de falta de provas para a cassação, a pizza foi devorada.
“Até o julgamento do Cirilo existia uma faísca de esperança de que se fizesse justiça na Câmara. Mas com a absolvição dele, vimos que as forças ocultas trabalharam para construir essa grande pizzaria na Câmara”, afirmou Racib ao Campo Grande News.
Já esperando pela absolvição dos três, Racib afirma ter ficado “positivamente surpreso” quando a Comissão Processante entregou o relatório, na quinta-feira (16), defendendo a cassação de Idenor. “Depois ficamos sabendo que foi só uma estratégia para valorizar o voto no julgamento”.
“Todos foram derrotados. Quem votou a favor da cassação, quem votou contra, a população em geral”, afirmou o farmacêutico. Ele criticou a ausência dos douradenses nas sessões disse que alguns grupos queriam ser pagos para ir à Câmara.
“A população presente na Câmara sempre foi movida por interesses. Fui procurado por pessoas que tinham interesse de colocar gente lá mediante pagamento. Mas não concordamos com isso. Cobra-se muito em rede social, mas quando tem que colocar a cara a tapa, fica bem abaixo do esperado”, criticou Racib.
O farmacêutico também criticou a omissão de dirigentes do PSDB, PR, DEM e MDB, três partidos dos quatro vereadores denunciados por quebra de decoro. “Além de serem omissos, os dirigentes trabalharam com todas as garras para salvar seus filiados”.