Ameaçados de perder tudo, sitiantes cobram “ação firme” contra invasões
Moradores afirmam possuir escrituras de áreas reivindicadas por indígenas; “se há erro é do governo”
Produtores rurais cobram ação firme do Governo Federal e do Governo de Mato Grosso do Sul para conter as ocupações de terras por parte de indígenas no município de Douradina, na região de Dourados.
Vistos como “vilões” e apontados como responsáveis pelo clima de tensão criado pelas recentes ocupações no entorno da Aldeia Panambi/Lagoa Rica, os pequenos sitiantes afirmam que suas famílias vivem nessas terras há pelo menos meio século. Todos possuem escrituras de propriedade dos lotes, distribuídos no segundo Governo Getúlio Vargas.
Giumar Silva, que está com seu sítio ocupado pelos indígenas, afirma que se existiu erro durante a colonização da região, esse erro foi do governo e não dos colonos (veja o depoimento dele no vídeo acima).
“Somos vítimas, estamos sentidos pela falta de apoio e falta de decisão da Justiça. Somos produtores, pagamos impostos, mas não podemos fazer nada. Meu avô chegou aqui na região de Douradina na década de 50, trabalhamos e transformamos essa região no celeiro que é hoje e agora estamos reféns desse pessoal”, afirmou Giumar Silva.
Na terça-feira (23), o juiz federal Rubens Petrucci Junior determinou reintegração de posse e deu prazo de cinco dias para os indígenas desocuparem o Sítio “José Dias Lima”, de 147,7 hectares, uma das propriedades invadidas no dia 14 deste mês. Caso contrário, deu ordem para a polícia fazer o despejo.
Segundo os produtores, atualmente existem sete áreas ocupadas pelos indígenas, sendo cinco delas invadidas nos últimos 15 dias e outras duas que já estavam de posse da comunidade guarani-kaiowá há alguns anos.
No total, os indígenas reivindicam a demarcação de 12 mil hectares como parte do território Panambi/Lagoa Rica. A área foi identificada em portaria da Funai em 2011, mas o processo de demarcação está parado.
São 10 mil hectares no município de Douradina e outros dois mil hectares pertencentes ao vizinho município de Itaporã. No lado de Douradina, a área reivindicada pertence a pelo menos 190 pequenos agricultores.
Conforme os moradores, na maioria dos casos são pequenas propriedades, em média de 30 hectares, mas há lotes de dois hectares, utilizados na produção de galinhas, ovos, queijo e alho. “Essa é a nossa realidade, aqui não tem grande fazenda, como é divulgado na imprensa”, afirmou moradora de Douradina.
“Apesar de essas áreas ainda não serem consideradas indígenas por falta de regulamentação pelo poder público, setores que representam os indígenas afirmam erroneamente que são. Com isso, grupos se prevalecem da impunidade e invadem as propriedades rurais, ateando fogo, desmanchando cercas e ameaçando a integridade física dos proprietários”, afirma o movimento de resistência dos sitiantes.
Os produtores registraram boletins de ocorrência na polícia e afirmam que “aguardam pacificamente” uma solução para o fim das ocupações na região.
Confrontos - Acusados de praticar violência contra os indígenas, os agricultores de Douradina rebatem e afirmam que eles, sim, são vítimas das ocupações e narram ameaças e ataques com pedras e paus contra veículos que circulam pelo local. “Sobrevoamos a área com drone e vimos indígena armado com espingarda”, relatou morador.
Imagens enviadas ao Campo Grande News mostram caminhonetes danificadas por pedra e pau e áreas de lavoura em chamas. Os dois lados se acusam mutuamente em atear fogo na palhada de milho.
No dia 14 deste mês, a entidade Aty Guasu divulgou que um indígena de 43 anos teria sido ferido com tiro na perna durante ocupação das propriedades e atendido em hospital de Dourados.
Os produtores contestam a informação, dizem que não nenhum tiro foi disparado do lado deles contra os indígenas. Afirmam ainda que o homem supostamente baleado já estava na ocupação no dia seguinte. "Não há nenhuma prova de que houve esse disparo", disse morador.
“Somos pequenos sitiantes, pessoas simples, humildes, idosos. Essa é a nossa realidade. Infelizmente, muita coisa sai distorcida”, afirma sitiante da região. “A polícia revistou as caminhonetes dos produtores, ninguém estava armado, mas os indígenas usam arco e flecha, carregam facão”. Equipes da Força Nacional permanecem na área, para impedir novos confrontos.
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