Cortejo leva indígena para sepultamento em fazenda onde foi morto há 3 dias
Velório começou por volta das 21 horas de sábado e enterro em área onde ele morreu faz parte de acordo com MPF
Corpo do indígena Vito Fernandes, de 42 anos, será enterrado na área de conflito onde ele morreu e guaranis-kaiowás já iniciaram cortejo. Com danças tradicionais misturadas a lágrimas, os indígenas velaram o parente por mais de 40 horas.
O velório começou por volta das 21 horas de sábado e o enterro em área que eles consideram de retomada só ocorrerá devido acordo mediado com o MPF (Ministério Público Federal).
Esposa de Vito, Assunciona Ximenes, de 36 anos, chorava sobre o caixão e falava aliviada sobre o anúncio de que poderiam enterrá-lo na Fazenda Borda da Mata, onde ele faleceu. Como o corpo não foi preparado para tanto tempo de velório, o caixão permanece fechado devido o mau cheiro.
O pedido para sepultamento no local da morte tem um significado espiritual para os guaranis-kaiowás e afirmam que quando alguém morre, os kaiowá abrem uma cova simbólica esperando o corpo para virar um cova real. Para eles, dá “mau agouro para a comunidade” e cria uma série de problemas culturais e espirituais, caso isso não seja feito.
O acordo para enterro foi necessário diante de temor de novo confronto caso os indígenas fossem para o local – lavoura da Fazenda Borda da Mata – sem auxílio das autoridades.
Nas redes sociais, a Aty Jovem, assembleia dos jovens guarani-kaiowá, publicou vídeo do filho de Vito, Luiz Fernandes, que dizia que caso não houvesse um acordo, os indígenas teriam que ir à força enterrá-lo, e pedia ajuda de políticos e outras autoridades.