Família de sequestrado por terroristas pede para Pavão pagar resgate
Fazendeiro foi sequestrado pelo EPP em outubro, mas traficante brasileiro teria negado ajuda para pagar os 500 mil dólares
Preso desde julho na sede de um grupo especial da polícia em Assunção, o traficante brasileiro Jarvis Gimenez Pavão foi procurado na semana passada para ajudar no resgate de um fazendeiro paraguaio, sequestrado no dia 12 de outubro deste ano pelo EPP (Exército do Povo Paraguaio). O grupo terrorista luta contra o governo do país vizinho na região de San Pedro, a 130 km da fronteira com Mato Grosso do Sul.
Familiares do criador de gado Félix Urbieta Ramírez, 66, foram até a cela de Pavão no dia 21 deste mês e lhe pediram dinheiro para pagar o resgate de 500 mil dólares. Em 2014, Pavão ajudou a pagar e negociou, de dentro da cadeia, a liberação do filho de brasileiros Arlan Fick Bremm, que também foi sequestrado pelo EPP.
Desta vez, no entanto, o criminoso que vem sendo comparado no Paraguai ao lendário traficante colombiano Pablo Escobar teria negado ajuda. Sua advogada, Laura Marcela Casuso, informou que Pavão tem outras “prioridades financeiras” no momento.
Conforme o jornal ABC Color, os familiares do fazendeiro ficaram cerca de duas horas reunidos com Jarvis Pavão. Estavam presentes a mulher de Félix Ramírez, Ermelinda Agüero de Urbieta, 58, suas filhas Norma Elizabeth Urbieta Agüero, 36, e Liliana Doralís Urbieta Agüero, 30, e o sobrinho do pecuarista, Arturo René Urbieta Cuevas, 40, que é prefeito da cidade de Horqueta.
Laura Casuso e Jorge Rodrigo Prieto Morínigo, advogados que representam Jarvis Pavão, também estavam presentes.
Satanás – Liliana Urbieta, uma das filhas de Félix Ramírez, disse em entrevista à rádio paraguaia ABC Cardinal que a família foi pedir dinheiro a Pavão, mas também ajuda e esperança. “Necessitamos de recursos. Para trazer meu papai vivo somos capazes de negociar com Satanás”, afirmou. “Ele é uma excelente pessoa, mas não pode ajudar”.
Ela disse na entrevista que a família tentou por várias vezes, sem sucesso, uma audiência com o presidente Horácio Cartes. Em setembro deste ano, surgiram boatos de que Pavão teria ordenado um atentado contra Cartes. O brasileiro negou e disse que não seria louco de mandar matar o presidente.
Segundo a polícia paraguaia, o fazendeiro está em poder de um grupo do EPP comandado pelo fugitivo Alejandro Ramos Morel, o “Jota”, um dos chefes do grupo terrorista, que também mantém em cativeiro o policial Edelio Morínigo e dois religiosos menonitas Abrahán Fehr Banman e Franz Wiebe Boschman.