Índios ampliam invasões em sítios e trocam lona de barracos por tábuas
Acampamentos se espalham por propriedades às margens do anel viário, região norte de Dourados; proprietários recorreram ao TRF
Aumenta todos os dias o número de índios acampados em sítios invadidos na região norte de Dourados, município a 233 km de Campo Grande. Mesmo com três liminares da Justiça Federal determinando a reintegração de posse das áreas, os guarani-kaiowá não demonstram intenção de sair das propriedades e estão até “reformando” os barracos, trocando lona por tábuas.
Na manhã de hoje (21), o Campo Grande News percorreu o contorno rodoviário que desvia o tráfego de caminhões do perímetro urbano e liga as BRs 163 e 463, separando a cidade da reserva indígena.
É possível ver os barracos espalhados numa extensão de pelo menos 4 km do anel viário. Vai do trecho entre a MS-156 e a BR-163 até ao lado do depósito de uma revendedora de bebidas, nos fundos da Vila Militar.
São dois sítios invadidos no trecho entre a MS-156 e a BR-163, pertencentes aos hortifrutigranjeiros Nobuaki Sasaki e Adelina Oshiro, os mais recentes a conseguirem liminar de reintegração de posse na Justiça Federal.
Outras cinco propriedades estão invadidas no trecho da MS-156 até o barracão da empresa de bebidas.
É nesse local onde fica um grande número de barracos, a maioria já feita de tábuas e poucos de lona. A ordem para despejo desses sítios saiu em abril e até agora não foi cumprida. Todos ficam no perímetro urbano de Dourados.
Acampamentos só aumentam - A sitiante Vanilda Valintim, que desde 5 de março está fora de casa após a propriedade da família ser invadida pelos índios, disse ao Campo Grande News que é visível o aumento dos barracos.
“Estou olhando para essas invasões 24 horas por dia e parece que os barracos só aumentam”, disse ela, que há mais de quatro meses está morando na casa da mãe com o marido e os dois filhos pequenos.
Vanilda é a única proprietária que abandonou a casa, atualmente ocupada por um dos líderes das invasões. Os demais proprietários continuam nas residências, apesar de terem barracos montados nas cercarias das casas.
Recurso ao TRF – O advogado que defende os proprietários, João Waimer Moreira Filho, já encaminhou recurso ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, em São Paulo, para pedir a “retirada coercitiva dos invasores”, negada pelos juízes federais locais.
Nas três decisões provisórias em que determinam à Funai a desocupação dos sítios invadidos, os magistrados federais estipularam apenas multa em caso de descumprimento.
Todos determinaram multa diária de R$ 50 mil à Funai, de R$ 1.000 ao presidente nacional do órgão e de R$ 500 ao representante da Funai em Dourados se as áreas não forem desocupada no prazo de 20 dias.
A defesa dos sitiantes tenta no TRF que a Justiça determine o uso de força policial para o despejo, como aconteceu recentemente nas fazendas Serrana e Cristal, em Dourados.