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Interior

Mais um juiz paraguaio é investigado por engavetar documento contra Pavão

Sete cartas rogatórias enviadas pela Justiça brasileira não foram relacionadas no sistema do Poder Judiciário do país vizinho

De Dourados | 20/12/2016 12:09
Jarvis Pavão está preso no Paraguai (Foto: ABC Color)
Jarvis Pavão está preso no Paraguai (Foto: ABC Color)

A Suprema Corte de Justiça do Paraguai descobriu que o juiz Rubén Ayala Brun também engavetou documentos encaminhados pela Justiça brasileira denunciando as regalias que o narcotraficante ponta-poranense Jarvis Gimenez Pavão tinha no presídio de Assunção. Pelo menos sete cartas rogatórias, que também pediam colaboração para acelerar a extradição do criminoso para o Brasil, foram “encaixotadas” entre 2009 e 2015.

Brun já estava afastado das funções após ser acusado de tentar impedir a transferência de Pavão do presídio de Tacumbú, em julho deste ano. Na época, o traficante foi levado para a sede de um grupo especializado da Polícia Nacional por ordem direta do presidente da República Horácio Cartes.

Em novembro, a juíza Patrícia Gonzalez, que atualmente está de licença do cargo para acompanhar o marido, embaixador do Paraguai na Espanha, já tinha sido acusada de engavetar um documento enviado pelo Brasil no ano passado.

Subalternos – Entretanto, Patrícia tenta se livrar da acusação responsabilizando dois funcionários do Poder Judiciário daquele país, um servidor judicial e um datilógrafo.

Mario Elizeche, diretor de Gestão de Auditoria da Suprema Corte de Justiça do Paraguai, disse que a responsabilidade dos servidores subalternos já está comprovada e que a situação da juíza Patrícia é diferente de Rubén Ayala Brun, já afastado das funções por fortes indícios de ligação com o narcotraficante. Entretanto, a auditoria envolvendo a magistrada continua em andamento.

Segundo o jornal ABC Color, a auditoria concluiu que Brun arquivou outro pedido de cooperação jurídica contra Jarvis Pavão. Ele chegou a receber o processo, mas não cumpriu o prazo e o caso está parado há um ano. O próprio juiz pediu para deixar o caso “para outra oportunidade”, segundo Mario Elizeche.

Chefão do crime – Um dos documentos encaminhados pelo Brasil informava que Pavão mantinha contato com a organização criminosa que opera na cidade de Santa Cruz do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, liderada por Antonio Marco Braga Campos. No Paraguai, o brasileiro é comparado ao lendário traficante colombiano Pablo Escobar, que aterrorizou a Colômbia na década de 80 e início dos anos 90.

Em junho deste ano, Pavão foi acusado de ter se aliado ao PCC (Primeiro Comando da Capital) para eliminar outro forte narcotraficante da fronteira, Jorge Rafaat, seu ex-sócio – metralhado no centro de Pedro Juan Caballero.

Ainda segundo o documento enviado pelo Brasil ao Paraguai, mesmo atrás das grades, Jarvis Pavão continuava trazendo grandes cargas de cocaína da Bolívia para o Paraguai através de transporte aéreo, usando aeronaves e pistas de pouso clandestinas.

A droga era envida depois para a quadrilha comandada por Marco Antonio Campos Braga no Rio Grande do Sul.

O documento que revelava as atividades de Pavão foi encontrado escondido em uma gaveta. No documento, a justiça do Brasil solicitava a apreensão de todos os bens que o traficante mantém em território paraguaio. Com dupla nacionalidade, Pavão é casado com uma cidadã paraguaia e tem filhos registrados no Paraguai.

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