Ouro de Ofir: Líderes religiosos são investigados por obstrução da Justiça
Foto de delegado da Polícia Federal é usada em montagem para tentar desqualificar operação
Supostos líderes religiosos e membros de igrejas evangélicas podem ser processados por obstrução da justiça ao continuar inflamando as vítimas do golpe milionário investigado pela operação Ouro de Ofir.
A operação foi desencadeada na terça-feira (21) pela Polícia e Receita Federal. Pelo menos 25 mil pessoas em todo o país caíram na conversa de Celso Éder Gonzaga de Araújo, Sidney Peró e Anderson Flores, além de seus “contratados”.
De acordo com o delegado da PF, Guilherme Guimarães Farias, que é responsável pela investigação, todas as pessoas que tentam atrapalhar as investigações ao orientar as vítimas a não denunciar o golpe podem ser processadas por obstrução da justiça e também serem consideradas co-autoras do crime.
“O curioso é que identificamos ‘personagens’ que aparecem nos grupos de WhatsApp, porém depois de um determinado tempo elas desaparecem. Outra maneira usada para persuadir as vítimas era seduzi-las dizendo que políticos e pessoas influentes também investiram na operação”, detalha o delegado.
Questionado dos números com variados códigos de área, Guilherme explica que a principal suspeita é de que sejam vendedores das cotas. “As mensagens são as mesmas. Orientam as vítimas a não denunciarem, pois o dinheiro está a caminho. A informação agora é que os valores vão ser transferidos as vítimas a partir deste dia 1º, contudo, na data surge um problema ou outro ‘personagem’ que adia o pagamento para outro dia”, diz.
Conforme o delegado, as artimanhas para que as vítimas continuem acreditando no golpe são as mais variadas. Além de manchetes de jornais falsas, mensagem e pessoas supostamente influentes, agora é a vez da foto do delegado associada a um número de WhatsApp ser usada para disseminar informações que desqualificam a operação.
“Poucas pessoas têm procurado a polícia para denunciar os golpes devido a essa guerra de propagandas que se instalou. A batalha é muito grande”, conta.
O problema é que a intenção de quem tenta persuadir as vítimas não é só para que os golpes continuem e sim para esconder quem também tem participação no esquema. “Essas pessoas ganhavam comissão de 10% a 20% nas cotas que vendiam”, afirma o delegado.
Avanços – Sobre os avanços nas investigações, Guilherme revela que a polícia descobriu inúmeros outros golpes que eram aplicados da mesma maneira, porém com nomes diferentes. O que chama a atenção, segundo ele, é que os próprios nomes já causam suspeita: Operação New York, Londres, Zimbabwe, G4 e até Mariah, que é o nome de quem a inventou.
“Todos esses golpes são investigados e o que identificamos é que eles surgiram pelo Aumental”, comenta.
Ainda de acordo com Guilherme, o Banco Central já foi notificado sobre o envolvimento de seu nome nos golpes e se posicionou dizendo que desconhece qualquer valor que será repassado por meio do investigado ou operação. “Se você entrar no site do Banco Central um dos primeiros tópicos sobre ‘perguntas frequente’ a operação Aumetal realmente será mencionada, mas como uma transação inexistente”, finaliza.
Celso Éder, Anderson Flores e Sidney Anjos Peró – apontados como “cabeças” do esquema - continuam presos no Presídio de Trânsito da Capital. Eles tiveram a prisão temporária convertida em preventiva.
A empresa Company Consultoria Empresarial, de Celso Éder, está fechada desde o dia da operação.
Denúncia - Já está disponível no site da Polícia Federal o formulário que vítimas do golpe milionário investigado na Operação Ouro de Ofir. A corporação também orienta que as pessoas façam boletim de ocorrência na Polícia Civil da sua cidade.
O formulário deve ser preenchido e entregue, com firma reconhecida em cartório, na Superintendência Regional da PF em Campo Grande, pessoalmente ou pelos Correios, aos cuidados do delegado federal Guilherme Guimarães Farias.
O endereço da sede da PF na Capital é: rua Fernando Luiz Fernandes, 322, Vila Sobrinho, Campo Grande/MS, CEP 79.110-503.