Golpe sem fim: pastores apelam à fé para desmentir operação da PF
Supostos líderes evangélicos continuam alimentando à esperança de quem pode ter investido tudo em golpe
Pastores e supostamente membros de igrejas evangélicas continuam a inflamar as vítimas de que os milhões prometidos na operação Aumetal serão pagos em breve. Para isso, estes líderes religiosos apelam à fé dos investidores enviando mensagens em grupos de WhatsApp como: “maior é aquele que está conosco, do que aquele que é contra nós” e “aos olhos de Deus nada é impossível”.
O Campo Grande News teve acesso a prints de conversa de grupos, que mesmo após a operação da Polícia Federal e Receita Federal continuam ativos e o pior com pessoas alimentando a esperança de quem investiu talvez tudo o que tinha.
Em uma das imagens é possível ver que um pastor Elionai envia uma mensagem afirmando que “o que a polícia quer é que as pessoas entrem na paranoia e façam denúncia para eles criarem provas”. Por meio do número a Reportagem tentou contato com o número de DDD 94, mas foi advertido pela operadora que “o número não existe”.
Uma das vítimas que tem 30 anos e pediu para ter o nome preservado afirma que “a maior parte das pessoas que vendiam as 'cotas' eram evangélicos e muitas vezes pastores. O investidor ainda conta que a operação, para estes líderes religiosos era tratada como benção.
Ela conta que investiu R$ 1,5 mil há cerca de três anos, mas nunca recebeu nenhuma cifra do montante prometido. “A desculpa era sempre a mesma 'vai sair semana que vem', mas aí chegava a data e acontecia outro imprevisto”, desabafa.
Persuasão – Em coletiva realizada no mesmo dia que a operação Ouro de Ofir, o delegado da PF Cleo Mazzotti detalhou que as vítimas eram 'seduzidas' por um processo neurolinguístico muito forte. “Eles eram os 'corretores' responsáveis em captar as vítimas. O segundo passo será investigá-lo”, diz o delegado.
Milhões – A operação foi desencadeada na última terça-feira (21). Celso Éder Gonzaga de Araújo, Anderson Flores e Sidney Anjos Peró estão presos na Polícia Federal. Eles foram apontados como “cabeças” do esquema que detinha milhões aplicando golpes em pelo menos 25 mil pessoas em todo o país.
Segundo a PF, os investigados vendiam a ideia da existência de uma mina de ouro que foi explorada há muito tempo, mas que os valores das comissões de revenda feitas ao exterior ainda estariam sendo repatriados (devolvidos ao Brasil). O direito aos montantes poderiam ser cedidos e vendidos a terceiros, obviamente, mediantes adiantamentos em dinheiro. “Existe, inclusive, a esdrúxula figura de contrato de doação mediante pagamento”, detalhou o delegado da PF Cleo Mazzotti em coletiva de imprensa na anteontem.
A cota mínima era de R$ 1 mil. Para dar credibilidade às propostas, os golpistas falsificavam documentos de instituições públicas federais, como por exemplo declaração trilionária no Imposto de Renda.