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Retrospectiva 2011

Policiais vão parar atrás das grades e ameaçam matar comandante da PM

Aline dos Santos | 29/12/2011 08:05

Holambra, Fumus Malus e Alvorada Voraz: nomes que marcaram os últimos meses de 2011 e apresentaram a expressão policial contrabandista

Prisões garantiram fim de ano movimentado na Corregedoria Militar. (Foto: João Garrigó)
Prisões garantiram fim de ano movimentado na Corregedoria Militar. (Foto: João Garrigó)

Holambra, Fumus Malus e Alvorada Voraz: nomes que marcaram os últimos meses de 2011 e apresentaram a Mato Grosso do Sul a expressão policial contrabandista.

Entre 24 de outubro e 23 de novembro, as três operações levaram 29 policiais militares para atrás das grades. O crime? Fazer vista grossa, mediante pagamento de propina, para que carregamentos de cigarros, pneus e produtos eletrônicos circulassem livremente pelo Estado.

A organização criminosa estendeu tentáculos até a cúpula da corporação, com ameaças de morte ao comandante da PM, coronel Carlos Alberto David dos Santos, e ao então comandante da PRE (Polícia Rodoviária Estadual), major Joilson Queiroz Sant’ana.

A primeira leva de prisões começou com a Holambra. Os alvos foram policiais de Sidrolândia, conhecida como a cidade das flores. A operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado) também foi realizada em Campo Grande, Dois Irmãos do Buriti e Rondonópolis. Oito policiais cabaram presos.

Dois dias depois, em 26 de outubro, foi deflagrada a Fumus Malus (Fumaça do Mal). Na região de fronteira, os policiais facilitavam a vida dos contrabandistas de cigarros. A ação aconteceu em Naviraí, Eldorado, Iguatemi, Itaquiraí, Mundo Novo, Amambai, Sete Quedas, Batayporã e Campo Grande. Doze policiais militares foram para a prisão.

Operações revelaram que policiais recebiam propina para liberar contrabando de cigarros. (Foto: Pedro Peralta).
Operações revelaram que policiais recebiam propina para liberar contrabando de cigarros. (Foto: Pedro Peralta).

Gente importante - Já o dia 23 de novembro começou com a Alvorada Voraz. O nome da operação veio da música do RPM, que fala “do contrabando e um bando de gente importante envolvida”. Foram presos capitão, sargento e cabos. Nas investigações, também foi citado o nome de um coronel, cujo pedido de prisão foi negado pela justiça.

Tido como o maior contrabandista de cigarros do Brasil, Alcides Carlos Grejianin, o Polaco, é acusado de orquestrar a organização criminosa. Ele e dois filhos foram presos em Eldorado. Os policiais recebiam pagamento de até R$ 6 mil para liberar os carregamentos.

O Gaeco investigou o crime desde outubro de 2010. Foram realizadas apreensões de mais de 50 carretas de cigarros em Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, totalizando sete milhões e quinhentos mil maços apreendidos e um prejuízo de R$ 20 milhões para os contrabandistas.

A operação foi realizada nas cidades de Antônio João, Caracol, Jardim, Porto Murtinho, Campo Grande, Eldorado e Brasilândia, além de Brasília (DF) e Umuarama (PR).

Comandante da PM recebeu ameaças de morte. (Foto: João Garrigó)
Comandante da PM recebeu ameaças de morte. (Foto: João Garrigó)

Cabeça a prêmio – Devido às operações, o comandante da PM e o major Joilson Queiroz Sant’ana foram ameaçados de morte. Segundo informações do serviço reservado da Polícia Militar, as ameaças tiveram início por conta da retaliação do crime organizado, especialmente tráfico de drogas e contrabando de mercadorias do Paraguai e da Bolívia.

A informação inicial era de que o bando preso durante as operações teria contratado pistoleiros paraguaios para matar o major e o comandante da PM, mas, depois foi constatado que as ameaças eram feitas por policiais que integravam a quadrilha envolvida no contrabando de cigarros.

Então comandante da PRE, o major teve a vida cotada em 100 mil dólares depois que transferiu policiais devido à má conduta. “Primeiro, foram informações do serviço de inteligência, depois, as ameaças vieram por telefonema”, afirma o major. Desde setembro ele está sob escolta policial. Neste mês, o major foi substituído no comando da PRE.

Punição - Os policiais presos têm a conduta avaliada pelo Conselho de Disciplina. O processo pode resultar em expulsão da PM. O prazo inicial era de 30 dias para que os trabalhos fossem concluídos, mas, diante da quantidade de prisões, o prazo foi prorrogado.

Ao término das ações, o comandante da PM sentenciou: “Só vai ficar policiais honestos e comprometidos com a segurança do cidadão”.

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