A história da beleza feminina. Há uma só beleza eterna?
As sílfides atuais, as mais belas dentre as belas, em outras épocas, seriam recebidas com total indiferença. A história da beleza é um vai e vem constante, especialmente nos "quilos a mais", a maior preocupação feminina atual.
As Vênus Paleolíticas.
Durante muito tempo, os estudiosos pensaram que as Vênus Paleolíticas, pequenas estátuas que representam mulheres anônimas de peitos fartos e cadeiras largas, fossem as preferências dos homens pré-históricos. Hoje, essa teoria esta descartada. Parece que essas estátuas estão apenas relacionadas com a fertilidade e não com um ideal de beleza da turma de hominídeos que desceu das árvores.
Nasce o ideal de harmonia e proporção.
Se há dúvidas sobre o cânone de beleza entre o homo primitivo, sabemos com certeza que o ideal de harmonia e proporção nasceu no Egito. Uma mulher bela para os egípcios deveria ser relativamente magra, com os peitos pequenos e as cadeiras largas. Elas usavam muitas joias e maquiagens. Mas as maquiagens não eram meramente acessórios de beleza, cumpriam papel de inseticida e protetor solar. Para os olhos, por exemplo, usavam o "khol" que não só embelezava como servia de colírio. A depilação era obrigatória. Nefertiti, esposa do faraó Akhenaton, cujo nome significa "a bela chegou", era o ideal de beleza.
A matemática determina a beleza.
A atração pelo simétrico e harmônico não só se manteve com os gregos como foi levado a extremos inimagináveis. Os cálculos matemáticos determinavam a beleza feminina. A perfeição era medida por uma unidade que inventaram: a cabeça. Um corpo perfeito equivalia a 7 cabeças humanas, medida estabelecida por Policleto. A mulher era robusta, tinha seios pequenos, o rosto ovalado e os cabelos ondulados e curtos ou presos.
Cristianismo, onde o belo é o espiritual.
Para os padres e a sociedade onde eram poderosos, o ideal de beleza estava no plano espiritual e não no corpo. O que importava era a salvação da alma. Mas as mulheres e himens construíram seu ideal de beleza, apesar dos esforços dos clérigos para que eles não tivessem sucesso. O ideal de beleza feminina medieval era ter cabelos loiros, muito longos (Rapunzel), corpo fino e mãos pequenas. A pele era necessariamente branca, correspondendo com o ideal de virgindade.
À volta das mulheres robustas.
O Renascimento trouxe de volta o ideal romano das mulheres robustas. Mulher bela tinha de ter, obrigatoriamente alguns poucos "quilos a mais". A beleza feminina continuava associada à pele branca e os cabelos loiros. Mas a saúde e a fertilidade das mulheres um pouco mais "redondas" estava no topo da moda. Simonetta Vespucci, musa de Botticelli, e protagonista do "Nascimento de Vênus", é um bom exemplo do tipo de beleza que se persegue nessa época. A nudez e a sensualidade entram na ordem do dia.
Quando a celulite estava na moda.
O triunfo das mulheres realmente rechonchudas está na época do Barroco. O cânone feminino está na celulite e nos corpos bem fornidos. Só as "gordinhas" eram vistas como belas e de bom posicionamento social. Quem marca o compasso da moda feminina é o pintor Rubens. É o período das mulheres coquetes e pomposas. Do excesso de maquiagens e de perucas descomunais. Quando alguém te disser que está com uns quilos a mais, responda que simplesmente segue o cânone rubenesco.
O criador do ideal "passa fome".
"Gibson Girls", o ideal da beleza ultra-magro começa nos Estados Unidos e Canadá. Aquilo que era uma sátira virou cânone de beleza. Charles Dana Gibson, na época da Primeira Guerra Mundial, a "Belle Époque", com o direito ao voto feminino e a invenção dos cabarés, carros, cinema e viagens de navio, apresenta mulheres atléticas e de cinturas especialmente estreitas, como uma crítica satírica. Virou o ideal estético. A moda só mudaria radicalmente nos anos 50, com todas querendo ter o corpo com alguns quilos a mais de Marilyn Monroe. O cinema passava a ditar a moda.