As revistas de fofocas científicas
Alguns brasileiros imaginam que as fofocas científicas surgiram com a covid-19. Em verdade, São muito antigas. As fofocas, o meio de transmissão de notícias infundadas mais veloz que sempre existiu, adquiriram ares respeitáveis com as primeiras "revistas científicas". O charlatanismo, tal agora, tinha nelas amplo espaço.
Época vitoriana.
Se pudéssemos viajar no tempo para Inglaterra da época vitoriana (1838-1901), nos assombraria encontrar surpreendentes revistas sensacionalistas dedicadas à ciência. Eram chamadas de "science gossip" (fofocas científicas). Nelas apareciam ilustrações para agradar a vontade e a curiosidade popular como um ser metade humano metade cachorro.
As duas primeiras revistas de fofocas científicas.
As duas primeiras "science gossip" surgiram em ambos lados do Canal da Mancha. Na França, era o "Journal de Sçavans". Na Inglaterra, "Philosophical Transactions" vendia bons preceitos científicos misturados com fofocas. Foram as pioneiras das atuais "Nature" e "Science", as duas melhores e mais respeitadas revistas científicas do mundo. Nelas, Newton explicou que a luz era composta de cores elementares. O pai da microbiologia, Leeuwenhoek, detalhou naquelas revistas como via pequenos animais no microscópio que inventara. A Philosophical existe até nossos dias.
O cientista de sofá.
Muitas publicações nessas revistas eram feitas por cientistas amadores, como os atuais brasileiros. Aliás, o Brasil acaba de fundar uma nova categoria de cientistas: o de sofás. O cientista de sofá é o sucessor do técnico de futebol de sofá. Sabe tudo, entende de nada. Também temos o "médico observador", observa que se fizer alguma fofoca, ficará famoso e cobrará mais por suas "consultas". E como não poderia deixar de acontecer, surgem os vendedores de vitaminas. Vou vender água com açúcar. Tome plantando bananeira e cure a covid-19 em três segundos.