Guerra: a cearense que queria vingar as sul-mato-grossenses
Mário Sérgio Lorenzetto | 29/07/2020 07:46
Primeiro o contexto. O início da guerra contra o Paraguai foi o momento em que, pela primeira vez, os brasileiros sentiram-se como "nós". É o momento da afirmação da identidade brasileira. Não há anteriormente nenhum evento que tenha unido todos. Os jornais traziam os maus tratos sofridos pelas mulheres do Mato Grosso (do Sul). Foram estupradas, escravizadas, passaram fome, encarceradas e exiladas para Assunção. Especialmente aquelas que residiam em Corumbá. É contra tamanho sofrimento que os brasileiros e brasileiras queriam se engajar de alguma maneira.
Jovita, a cearense que queria matar paraguaios.
Jovita Alves Feitosa virou uma "voluntária da pátria". Pegou em armas declarando que desejava matar paraguaios para vingar as atrocidades sofridas pelas sul-mato-grossenses. E foi aceita pelo Exército. Ganhou uniforme e arma. Durante 37 dias foi levada pelas capitais nordestinas como um ícone. Desfilava e aparecia em comícios. Era denominada a Joana D'Arc brasileira. Ao contrário de outras tantas brasileiras, não aceitou entrar para o serviço médico. Queria atirar e não curar.
Jovita Alves Feitosa virou uma "voluntária da pátria". Pegou em armas declarando que desejava matar paraguaios para vingar as atrocidades sofridas pelas sul-mato-grossenses. E foi aceita pelo Exército. Ganhou uniforme e arma. Durante 37 dias foi levada pelas capitais nordestinas como um ícone. Desfilava e aparecia em comícios. Era denominada a Joana D'Arc brasileira. Ao contrário de outras tantas brasileiras, não aceitou entrar para o serviço médico. Queria atirar e não curar.
Mas tudo acabou no Rio de Janeiro.
Tudo ia bem para Jovita até chegar no Rio de Janeiro. Por lá, tudo vira samba ou melhor, todos "sambam", "dançam". A monarquia desautorizou o Exército e retirou o uniforme e a arma de Jovita. Ela estava proibida de matar paraguaios. Inconcebível para os nobres, Jovita era mulher. E foi esquecida. Sem dinheiro, sem passagem de volta para seu nordeste e sem conhecidos que a protegessem, Jovita passou a dar tiros nos bolsos dos homens que desejassem seu corpo, virou prostituta. Em seguida, tornou-se amante de um inglês... que logo a abandonou. Nada mais restava para Jovita. Fama, dinheiro, vingança, amor próprio, estava tudo perdido. Sua história termina como a de muitas sul-mato-grossense que queria vingar. Foi engajar-se no pelotão dos "voluntários da morte". Suicidou-se. Ou mais corretamente: a monarquia "a suicidou".
Tudo ia bem para Jovita até chegar no Rio de Janeiro. Por lá, tudo vira samba ou melhor, todos "sambam", "dançam". A monarquia desautorizou o Exército e retirou o uniforme e a arma de Jovita. Ela estava proibida de matar paraguaios. Inconcebível para os nobres, Jovita era mulher. E foi esquecida. Sem dinheiro, sem passagem de volta para seu nordeste e sem conhecidos que a protegessem, Jovita passou a dar tiros nos bolsos dos homens que desejassem seu corpo, virou prostituta. Em seguida, tornou-se amante de um inglês... que logo a abandonou. Nada mais restava para Jovita. Fama, dinheiro, vingança, amor próprio, estava tudo perdido. Sua história termina como a de muitas sul-mato-grossense que queria vingar. Foi engajar-se no pelotão dos "voluntários da morte". Suicidou-se. Ou mais corretamente: a monarquia "a suicidou".