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Em Pauta

Uma nova recessão mundial preocupa o novo governo

Mário Sérgio Lorenzetto | 11/12/2018 06:44
Uma nova recessão mundial preocupa o novo governo

A economia dos Estados Unidos está crescendo no nível mais rápido possível nos últimos cinco anos. As empresas norte americanas estão obtendo lucros recordes. O desemprego nos EUA está no nível mais baixo em meio século. Então, por que Wall Street e muitos economistas ligados às ideias de Trump temem uma nova recessão?
Os mercados financeiros, em particular, têm sinalizado nos últimos dias que uma nova tormenta está se formando. O Standard & Poors 500 - índice composto por 500 ativos cotados na Bolsa de N.York - que monitora as maiores empresas dos EUA, despencou 6% até o dia 04 de dezembro. As preocupações estão centradas no comércio mundial e com a desaceleração do crescimento global. A métrica do Standard & Poors pressagiou todas as recessões desde 1960. E ela está alertando que outra está a caminho.

Uma nova recessão mundial preocupa o novo governo

Problemas no mundo do comércio.

Os jornais têm noticiado fartamente sobre a guerra comercial declarada por Trump contra a Chian, a Europa, o Canadá e o México. Formou-se uma ampla frente de choques de impostos para a entrada de produtos nos Estados Unidos. Os EUA impuseram tarifas sobre cerca de US$250 bilhões em importações chinesas, quase metade de todo o comércio com o país asiático, para o qual deve mais de US$3 trilhões. Deseja que Pequim compre mais produtos dos EUA e vem ameaçando aplicar salgadas tarifas à totalidade de produtos importados da China. Por sua vez, a China aplicou tarifas em torno de US$60 bilhões sobre produtos dos EUA. Essa é uma guerra que nossos produtos agrícolas levam vantagem por agregar milhões de novas toneladas de nossos produtos agrícolas remetidos para a China. Mas essa é uma leitura simplista da economia mundial.
Em 1 de dezembro, os mercados mundiais deram um suspiro de alívio depois de Trump e o presidente chinês Xi Jiping chegarem a uma trégua de 90 dias, dando tempo a ambos para tentar superar suas diferenças. Os melhores analistas suspeitavam da manobra de Trump. Ele procurava vencer as eleições para o Congresso norte americano. O otimismo desapareceu rapidamente quando Trump foi a sua casamata-Twiter e mandou bala: chamou a si mesmo de "homem da tarifa" em uma mensagem ameaçadora.

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A crise de alta tecnologia Huawei.

Trump, apesar de sancionar a trégua de 90 dias, mantêm uma luta encarniçada pelo domínio tecnológico mundial. Meng Wanzhou, vice presidente do grupo tecnológico Huawei e herdeira desse império asiático, está presa no Canadá à pedido dos Estados Unidos. Essa empresa é líder em equipamentos e infraestrutura de telecomunicações em todo o mundo. Faz parte de uma das famílias mais poderosa da China. Huawei, talvez a empresa com maior projeção internacional da China, é para Pequim o pináculo do êxito de seus acelerado desenvolvimento tecnológico. Meng foi presa enquanto fazia a conexão para um país da América do Sul não revelado. A acusação está sob sigilo. Todavia, a imprensa canadense e norte americana asseguram que sua prisão parte de uma acusação da Huawei estar furando o boicote, exigido por Trump, sobre o Irã.

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Desvantagens globais.

A outra preocupação é a diminuição do crescimento global. Na Europa, a economia combinada dos 19 países que usam o euro, praticamente não cresceram no trimestre mais recente. O menor crescimento em quatro anos. Ao mesmo tempo, espera-se que a saída iminente, e potencialmente caótica, da Grã Bretanha do Tratado da União Europeia, venha a reduzir ainda mais esse quase inexistente crescimento.
Todos esses desafios convenceram o FMI a reduzir sua previsão de crescimento global para 2019. Também vem alertando para o que chama de " aumento dos riscos descendentes", um economês sutil para queda generalizada do crescimento da economia global.

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O temor que vem do FED.

Esses problemas são sérios o suficiente para que estejam abalando o Federal Reserve. Até agora, esse banco central dos EUA têm caminhado deliberadamente para elevar gradualmente as taxas de juros sob a premissa de que a economia dos EUA está suficientemente forte. Equivale a dizer que os Estados Unidos estão enxugando todos os dólares possíveis para seu território com a elevação de pagamento de taxas para aqueles que lá depositarem seu dinheiro. Não a toa, acabamos de ver uma das maiores saídas de dólares do Brasil nos últimos tempos.
Todavia, Wall Street está apostando que as altas sucessivas de taxas do FED não mais ocorrerão em 2019 e 2020. E passaram a apostar no sentido inverso, na saída de dólares. Essas apostas sugerem com muita clareza que os operadores de Wall Street estão preocupados com a performance econômica dos EUA e do mundo nesses dois anos.
Há de lembrar que uma recessão é definida por dois trimestres consecutivos de queda na atividade econômica geral. Um trimestre já ocorreu.

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Então, temos uma recessão mundial iminente?

A atual expansão durou desde o fim oficial da Grande Recessão em junho de 2009. Foram quase nove anos e meio de crescimento, lento, mas constante. Se essa expansão durar mais sete meses, será a mais longa de todas as expansões ocorridas em 160 anos.
Devido à natureza cíclica da atividade comercial, ninguém no mundo têm dúvida de que uma recessão ocorrerá inevitavelmente. Só basta marcar a data. Acontecerá em 2019? A Standar & Poors está sinalizando que ocorrerá no próximo ano.

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