Pobres gastam mais com aluguel que ricos, diz pesquisa
O gasto com aluguel é relativamente mais alto entre as famílias mais pobres do que entre os mais ricos no Brasil.
Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado hoje (1), o aluguel compromete de 15% a 20% da renda familiar de um quarto da população mais pobre, enquanto 10% dos mais ricos gastam apenas de 5% a 7% de sua renda.
Como, em geral, o valor do domicílio é relacionado com a renda familiar (isto é, mais pobres moram em casas mais baratas), a constatação do aluguel relativamente mais caro é preocupante, segundo o Ipea, porque mostra que os locadores podem estar tendo uma rentabilidade maior nos contratos de aluguel dos mais pobres.
De acordo com o Ipea, essa "imperfeição" no mercado imobiliário incentiva a informalidade urbana e a construção ilegal.
O estudo do Ipea foi feito com base em dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) relativos a 2008 e 2009. Considerando toda a população, foi constatado um aumento no percentual de pessoas que pagam aluguel. No período de 2008/2009, 17% das pessoas pagavam aluguel, enquanto que, em 2002/2003, eram 13%.
A pesquisa também mostra distorção no que se refere à compra de imóveis. Entre os 75% mais pobres, apenas 2% da população estavam adquirindo imóveis no período de 2008/2009. Já entre os 5% dos mais ricos, 17% estavam comprando imóveis.
O estudo também analisou o gasto com transporte urbano. O percentual de pessoas que usam ônibus urbanos nas regiões metropolitanas aumentou de 60% em 2002/2003 para 69% em 2008/2009, entre 25% da população mais pobre. Enquanto isso, entre os 10% dos mais ricos, a proporção caiu de 45% para 40% nesse período.
Segundo o Ipea, os dados são resultado do aumento da renda entre a população mais pobre e a redução do uso de transporte público pela população mais rica.