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Artes

Bibi diz adeus, mas já está na memória de Campo Grande por show histórico

Bibi Ferreira morreu hoje, aos 96 anos. Em 1994, cantora inaugurou Palácio Popular da Cultura

Kimberly Teodoro | 13/02/2019 15:36
Aos 96 anos, Bibi Ferreira morre no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)
Aos 96 anos, Bibi Ferreira morre no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)

Cantora, compositora, atriz, apresentadora e diretora, como artista tem poucas coisas que Abigail Izquierdo Ferreira, a Bibi Ferreira, não foi. Há poucas horas, no início da tarde desta quarta-feira (13), a notícia que chega aos fãs é triste, Bibi morreu em seu apartamento no Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro.

Ao jornal O Globo, o empresário e amigo Nilson Raman disse que a partida foi "serena", depois de dormir a maior parte de dia e reclamar um pouco da falta de ar por volta das 13h. A filha, Tina Ferreira, acredita que a mãe morreu dormindo.

Aqui em Campo Grande, a passagem de Bibi ficou marcada pelo espetáculo “Bibi Ferreira in Concert”, show inaugural do Palácio Popular da Cultura em 1994, atual Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo.

Naquela época, o secretário de Comunicação de Mato Grosso do Sul, o jornalista Oscar Ramos Gaspar acompanhou Bibi no primeiro contato com o teatro. Sobre o show de inauguração há quase 24 anos, a história que ficou na mente dele foi o inusitado teste de acústica.

“Antes do espetáculo, fomos eu, Pedrossian (ex-governador Pedro Pedrossian), Bibi e um acompanhante dela para que ela conhecesse o espaço. O que eu me lembro é que ela deu um grampo de cabelo a esse acompanhante, foi para o fundo do teatro e pediu que ele jogasse o grampo no chão. Lá do fundo ela conseguiu ouvir o barulho ao cair no chão e ficou encantada. Nas palavras dela, era o auditório com a melhor acústica do Brasil. Pedrossian adorou o veredito de Bibi, que já era um mito da arte cênica do País e considerada quase uma divindade. Estar na presença dela naquela tarde, foi um privilégio”, relembra.

Bibi Ferreira retornou ao Estado algumas vezes ao longo da carreira, entre elas com o espetáculo “Bibi Vive Amália”, em que trouxe o repertório da cantora Amália Rodrigues para o teatro Glauce Rocha no ano 2000. Na ocasião, foi homenageada pela cidade com a medalha comemorativa do centenário de Campo Grande.

“Ela foi atriz que sempre buscou dar o melhor de si em tudo o que ela fez. Quando ela fez Edith Piaf, você via a própria Edith no palco, quando ela viveu Amália Rodrigues, aconteceu o mesmo, tal a capacidade de entrega”, diz o ex-presidente da Fundação de Cultura, Américo Calheiros, sobre a decisão de conceder a medalha.

Bibi Ferreira ao lado da primeira-dama em 1994, Maria Aparecida Pedrossian, (Foto: Roberto Higa)
Bibi Ferreira ao lado da primeira-dama em 1994, Maria Aparecida Pedrossian, (Foto: Roberto Higa)

As histórias por aqui também são contadas pelo carnavalesco e figurinista Francis Fabian. Por anos, no Rio de Janeiro, ele esteve ao lado da cantora trabalhando nos figurinos dos espetáculos. Entre as peças confeccionadas para a estrela, um xale está fresco na memória. "Fiz uma réplica do xale da Amália Rodrigues. A própria Bibi me pediu para o show 'Bibi Vive Amália' e depois ficou a turnê toda com ele", lembra.

Mas esse não foi o trabalho mais difícil. "Restaurei figurinos da época que ela começou no teatro, também para uma turnê. Fiz com filó francês, que nem vendia aqui. Os tecidos foram todos importados e usei pedrarias semi-preciosas. Ficou maravilhoso".

O glamour ainda é vivo na memória de Francis, assim como o amor da plateia pela diva. "Um dia, vi a plateia aplaudir a Bibi durante 6 minutos seguidos, depois ela cantar fados"

Entre as lições de Bibi Ferreira, Francis faz uma reflexão sobre os 96 anos que levaram a diva. "Um dia ela me disse que tem uma época em que a gente não consegue mais controlar o tempo, que sempre deixa as suas marcas. Mas ela dizia: 'não deixo envelhecer minha cabeça, essa é minha religião", conta.

A vida - Depois de estrear nos palcos aos 24 dias de vida, no colo da madrinha Abigail Maia, nunca mais se afastou da vida de artista. O espetáculo “Bibi Ferreira in Concert” ganhou inclusive uma remake na comemoração de 50 anos de carreira em 2009. Entre últimos trabalhos estão sucessos como “Bibi Ferreira Canta Repertório Sinatra”, uma homenagem ao cantor americano em que ela cantou seus maiores hits, e Bibi Ferreira, Por Toda a Minha Vida, trazendo de volta os grandes sucessos de uma longa carreira.

Há 3 anos atrás entrevista ao jornalista Gustavo Cunha no jornal Extra, falou sobre a morte “Levo a sério a morte em si, mas o amargor da morte me deixa atropelada. Se vem com dor é muito ruim. O ser humano nasceu para sorrir, para falar bonito, para ser otimista e para voar”.

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