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Artes

Rota do tráfico, Dourados vira cenário real e terá suas 7 semanas de Hollywood

Longa começa a ser gravado no dia 21; 2ª cidade de MS será fronteira fictícia para personagens de Mateus Solano e Paola Oliveira

Helio de Freitas, de Dourados | 12/03/2015 16:31
Camila Medina e Henrique Castello Branco, produtores do filme com o prefeito Murilo Zauith (Foto: Eliel Oliveira)
Camila Medina e Henrique Castello Branco, produtores do filme com o prefeito Murilo Zauith (Foto: Eliel Oliveira)

Rota nacional do tráfico de maconha e cocaína, a cidade de Dourados, a 233 km de Campo Grande, se transforma a partir do dia 21 deste mês em cenário real para o filme “Em Nome da Lei”, uma obra de ficção inspirada na história do juiz federal Odilon Oliveira, com fama de inimigo de traficantes e de centenas de outros bandidos na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e a Bolívia.

Mateus Solano será Vítor, um juiz destemido que chega à cidade em sua moto e com a ajuda da promotora de Justiça Marines, interpretada por Paola Oliveira, vai peitar os criminosos da fronteira, entre eles o mais cruel de todos, que nas telonas será vivido pelo consagrado ator Chico Díaz.

A maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul terá suas sete semanas de Hollywood e a presença de atores consagrados e outros ainda desconhecidos do público já mobiliza até a classe política douradense. Nesta quinta-feira, o preito Murilo Zauith (PSB) organizou uma recepção para dois produtores do filme, que estão na cidade “correndo como loucos”, como eles próprios definiram, para deixar tudo pronto para o começo das gravações daqui a oito dias.

No auditório da prefeitura, ocupado por vereadores, secretários municipais e representantes das polícias Civil e Militar, a produtora executiva Camila Medina e o diretor de produção Henrique Castello Branco falaram sobre os preparativos e revelaram algumas cenas do longa-metragem, que terá pelo menos 70 pontos de gravação em Dourados. Teve até vereador que se ofereceu para fazer uma ponta: Pedro Pepa (DEM) não se fez de rogado e pediu um papelzinho. Pelo menos ali, em público, recebeu o “sim” dos produtores.

Os principais cenários serão instalados no antigo Clube Samambaia. A casa da jornalista e presidente do Jornal O Progresso, Adiles Torres do Amaral, foi alugada para servir de escritório e base de apoio das equipes.

Fronteira fictícia – “Vamos montar uma cidade cenográfica inteira para o filme. Tudo vais ser filmado em Dourados, mas a cidade do filme é fictícia, é tudo de mentirinha. Isso é cinema”, disse ao Campo Grande News a produtora Camila Medina. “Ponta Porã está lá ao lado da fronteira, poderíamos fazer o filme lá, mas decidimos fazer tudo em Dourados e a nossa fronteira será a Rua Cuiabá”, afirmou a jornalista de formação e profissional de cinema por vocação. Camila, 37 anos de idade, tem quase duas décadas de experiência na área, assim como Henrique.

Camila disse que a ideia do filme começou há mais de três anos, depois que o diretor Sergio Rezende conheceu a história do juiz Odilon Oliveira. “O filme vai ter caráter de faroeste e o Sergio escolheu essa cidade porque ela tem a cara que ele imaginou. Ele adora essa terra vermelha”, disse ela.

Atores locais – pelo menos 30 atores locais já foram selecionados para trabalharem no filme. Outros 600 douradenses estão sendo contratados para serem figurantes. “Chamamos de atores todos aqueles que têm fala. Portanto, esses douradenses vão participar diretamente do filme, alguns contracenando com os atores principais”, afirmou Camila Medina.

Segundo a produtora, na terça-feira da próxima semana começam a chegar a Dourados as sete carretas com equipamentos, figurinos, materiais de efeitos especiais e outros produtos que serão usados nas sete semanas de filmagens. “Serão 12 horas de trabalho durante seis dias da semana. O filme fica pronto em quatro meses, mas a Fox deve fazer a distribuição entre dezembro e janeiro”, informou Camila.

O juiz Odilon de Oliveira é a inspiração para Vítor, personagem de Mateus Solano no filme que deve chegar aos cinemas até janeiro de 2016 (Foto: Cleber Géllio)
O juiz Odilon de Oliveira é a inspiração para Vítor, personagem de Mateus Solano no filme que deve chegar aos cinemas até janeiro de 2016 (Foto: Cleber Géllio)

Apresentação – “Em Nome da Lei” promete trazer para próximo do público uma realidade pouco conhecida da sociedade (leia-se grandes centros urbanos), abordando a história de um jovem juiz que se utiliza de todos os recursos para fazer cumprir a lei na fronteira Brasil-Paraguai. “Uma árdua missão que devassa sua vida pessoal, perseguição, paranoia, medo e tensão por ter sua vida e de sua família ameaçada fazem desse personagem o herói que o Brasil de hoje quer ver e encontrar naqueles que representam a lei. Qual o preço e quem de nós teria essa coragem?”, questiona o primeiro material informativo sobre o filme, cujos poucos exemplares foram distribuídos hoje no auditório da prefeitura.

Sinopse – Fronteira entre Brasil e Paraguai. Porta de entrada de 75% da maconha consumida no país, rota de tráfico de cocaína, armas e contrabando. Quando o juiz Vítor chega à cidade de fronteira, sabe que vai ter uma tarefa imensa para desarticular o poder dos bandidos.

O chefe incontestável do crime é Gomez (Chico Díaz), que há décadas comanda com mão de ferro o território. Rico e poderoso, montou uma enorme rede de corrupção, com tentáculos no Judiciário brasileiro e no governo paraguaio.

“Em Nome da Lei” é a jornada desse magistrado para impor a Justiça no mundo corrompido e violento da fronteira. Aliado a Elton, delegado da Polícia Federal e Marines, jovem promotora do Ministério Público, ousam enfrentar o império do crime.

Nessa tarefa, Vítor se depara com todos os tipos de dificuldades, sofre dois atentados, escapa por milagre, mas não resiste. Passa a morar no próprio Fórum, com escolta permanente de agentes federais.

Percebendo que não poderá prosseguir isolado, alia-se a um grande jornalista de São Paulo. Com a força da opinião pública, consegue mandar para a prisão um número enorme de criminosos, confisca bilhões de reais do comércio ilegal e se torna um símbolo na luta pela Justiça a qualquer preço.

Realização – Tendo como co-produção e distribuição a Fox Filmes do Brasil, “Em Nome da Lei” tem produção de Mariza Leão, direção de Sergio Rezende, fotografia de Nonato Estrela, direção de arte de Fabiana Egrejas, figurino de Mel Akerman, montagem de Maria Rezende e música de Jaques Morelenbaum.

A produtora – Mariza Leão é diretora da Morena Filmes, do Rio de Janeiro. Foi produtora de “Meu Passado me Condena, o Filme” (2013), “De Pernas pro Ar 1 e 2” (2010 e 2012), “Meu Nome Não é Johnny” (2007), “Guerra de Canudos” (1997) e “Lamarca” (1994), os dois últimos tendo Sérgio Rezende como diretor.

O diretor – Carioca nascido em 1951, Sérgio Rezende teve como seu primeiro longa-metragem de ficção “O Sonho não Acabou”, em 1982. Três anos depois fez “O Homem da Capa Preta”, Perfil de Tenório Cavalcante. Foi o grande vencedor do Festival de Gramado e com esse filme iniciou uma trilogia sobre importantes personagens da história do país, completada com “Lamarca” e “Mauá – o imperador e o rei” (1999).

Em 1997, Rezende dirigiu “Guerra de Canudos”, até então a maior produção brasileira e maior bilheteria do cinema brasileiro naquele ano, com 650 mil espectadores. Em 2006 lançou “Zuzu Angel”, longa de ficção sobre a história da estilista consagrada e seu filho Stuart. Também faz parte das obras de Sérgio Rezende” o filme “Salve Geral”, baseado nos ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital), ocorridos em maio de 2005 em São Paulo.

Os atores Mateus Solano e Paola Oliveira são as principais estrelas do filme (Foto: Divulgação)
Os atores Mateus Solano e Paola Oliveira são as principais estrelas do filme (Foto: Divulgação)
Chico Díaz será Gomez, o violento e poderoso traficante de “Em Nome da Lei” (Foto: Divulgação)
Chico Díaz será Gomez, o violento e poderoso traficante de “Em Nome da Lei” (Foto: Divulgação)
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