O universo gay no cinema volta a Campo Grande com Festival Mix Brasil
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No ano passado, a ideia chegou a Campo Grande preparada para o melhor e para o pior. Em uma cidade tida como conservadora era difícil precisar qual seria a participação do público em um festival de cinema só com filmes que falam sobre gays.
“Confesso que vim mais preparado para o pior, mas foi surpreendente. Deu super certo”, comemora o produtor executivo do Festival Mix Brasil de Cinema da Diversidade, Leandro Marques, prestes a abrir a segunda edição local da mostra.
Apesar de crescer aqui, em 2011 há 4 anos Leandro não voltava e tinha notícias nada animadoras da cidade. “O Cine Cultura tinha acabado de fechar, a Cultura não ia muito bem por aqui, eu pensava”, lembra. Mas a história foi diferente. Na primeira edição, em setembro do ano passado, a sala ficou cheia desde a primeira projeção e a cada dia lotava mais.
De volta ao Estado a partir do dia 5 julho, com longas e curtas-metragem, documentário, workshop, debates com atores e diretores, o Festival evoluiu de tal forma que hoje o preconceito não é o mote principal. A mostra pretende exibir o homossexual como uma pessoa como qualquer outra, criativa, engraçada, com conflitos, desilusões e projetos.
Depois de 15 dias de exibições em São Paulo, a versão que percorre o País é enxuta. Tem apenas 3 dias de sessões com os destaques da mostra nacional e um dia com grande workshop sobre a imprensa.
No MIS (Museu da Imagem e do Som), no dia 5, a abertura será com conversa. Formado na UFMS, mas há 5 anos em São Paulo como editor das revistas Mixbrasil e H Magazine, Hélio Filho comandará o debate basicamente sobre como os jornalistas tratam a questão GLBT.
Leitor de jornais locais, ele diz que muita coisa melhorou, mas a preocupação continua quanto ao jeito como as notícias envolvendo homossexuais são repassadas. “O ideal é que os casos sejam inseridos no noticiário como um crime qualquer, contra uma pessoa comum, não como um show”, explica.
Toda a participação será gratuita, inclusive as projeções que tem na programação o filme francês Tomboy, que levou o Teddy Bear do Festival de Cinema de Berlin/2011. Nas mostras competitivas há 11 curtas.
Entre os destaques estão o documentário “Olhe para mim de novo” sobre uma mulher que virou lésbica e agora é homem e “Teus Olhos Meus”, primeiro longa assinado pelo poeta, compositor e diretor Caio Sóh, que tem no elenco Paloma Duarte e Roberto Bomtempo, e trilha sonora de Maria Gadu.
Já o diretor sul-mato-grossense Dannon Lacerda traz o curta-metragem Diálogo, escolhido pelo público como o melhor curta nacional na edição carioca do Festival Mix Brasil no ano passado. A exibição será no dia 7, às 19 horas.
"Diálogo é um filme sobre relacionamento humano, independentemente de suas possíveis configurações – no caso, um relacionamento entre dois homens –, que busca no silêncio a reflexão sobre a importância da comunicação nos relacionamentos humanos", diz o diretor
Apareça - Horário: Quinta (5) e Sexta (6) a partir das 19h30 - Sábado (7), a partir das 19h00 e Domingo (8), a partir das 18h00. Local: O Museu da Imagem e do Som (MIS) fica na Av. Fernando Correa da Costa, 559 - 3º andar
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