Há 17 anos, placa de 'recanto' guarda milagre recebido por família
Neto de uma das pioneiras do Lagoa da Cruz, Matheus carrega consigo a história favorita dos pais
Na altura em que a Avenida Tamandaré já ganha o nome de MS-010, uma placa indicando o endereço do “Recanto do Matheus” guarda a história favorita de Ilda Barros e Roselei da Rocha Ferreira. Escrita à mão, ela sinaliza o milagre que os dois receberam 17 anos atrás: o nascimento de Matheus.
Moradores do bairro Lagoa da Cruz, a família conta que de acordo com a Medicina da época, Matheus nunca teria existido. Por isso, quando o nascimento chegou, até o nome da antiga chácara foi alterado e a placa foi criada como homenagem para ninguém esquecer.
Meu sonho era ter três filhos, mas tive menopausa precoce aos 28 anos e os médicos disseram que seria impossível engravidar. Foi difícil, mas a gente não tinha o que fazer. Até que 12 anos depois o Matheus nasceu, diz Ilda.
Explicando que a única explicação possível é Deus, Roselei narra que tudo aconteceu de uma forma totalmente inesperada. “Ela já estava de 6 meses quando uma vizinha passou aqui na frente e perguntou se ela estava grávida. Por via das dúvidas, fez o exame e deu positivo mesmo”.
Três meses depois da descoberta, Matheus nasceu de parto natural e desde então o recanto da família se tornou ainda mais especial. Ilda explica que antes da chegada do filho ela já era apaixonada pelo lar, mas a vida foi transformada com ele e ver o menino crescer ali era imprescindível.
“A placa é uma homenagem para ele mesmo e hoje já virou até ponto de sinalização e encontro de ciclistas, por exemplo. Quem chega por aqui fala que está no Recanto do Matheus”, detalha Roselei.
E, para ele, o conjunto das histórias e o carinho pela casa no “início” da cidade fazem com que o recanto seja o verdadeiro paraíso. “Eu não saio mais daqui não. Antes era complicado porque era muita terra, não tinha quase nada, mas hoje é muito bom mesmo. E a família da Ilda tem história aqui, além de tudo”.
Sobre a relação da família com o bairro, Ilda narra que sua mãe, Maria, foi uma das pioneiras do Lagoa da Cruz quando o espaço era composto apenas de chácaras. “Eu cheguei aqui pela primeira vez quando tinha mais ou menos 9 anos e hoje tenho 47, então a gente foi vendo tudo mudar totalmente”.
Na época, Maria continuou vivendo por ali, mas Ilda relembra que foi morar com a madrinha para poder trabalhar. “Não vinha nem ônibus para cá e eu conseguia visitar minha mãe no fim de semana com carona de um senhor que trazia lavagem para os porcos. Ele tinha uma Kombi e era o único que passava aqui e aproveitava para dar carona”.
Hoje, com asfalto, ônibus circulando, energia elétrica e tendo tudo o que precisa na região, a família brinca que nem se arrisca a entrar ainda mais na cidade. Já que o recanto é completo, preferem aproveitar o silêncio e paz que o ambiente ainda consegue trazer.
“Muita coisa mudou, minha mãe tinha um bar que era o único da região e nas fotos você vê que só tinha terra. Eu voltei a morar depois de casada para cuidar da minha mãe e a gente nem acredita como que melhorou”, diz Ilda.
E sendo a geração mais recente da família no recanto, Matheus, tímido, se limita a dizer que assim como os pais não quer abandonar o lar. “Aqui é bom demais, cresci aqui e minha vontade é de continuar”.
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