Após 25 anos, time do Hotel Campo Grande faz encontro emocionante

Há 53 anos, a família foi ao Hotel Campo Grande ao lado de muita gente na cidade para a abertura do edifício nunca antes visto. Vinte e oito anos depois, os sócios fecharam as portas do hotel e a maioria dos funcionários nunca mais teve contato com os donos. Mas como não há distância que as redes sociais não diminuam em pleno 2024, um festão serviu um reencontro emocionante entre gestores e ex-funcionários neste domingo (29).

Tudo começou depois que o hotel foi vendido neste ano e alguém entrou em contato com uma das ex-funcionárias a fim de saber quem era a equipe que trabalhava naquele período e fazia o hotel "andar" com sucesso. Um telefone aqui, uma mensagem ali e pronto: que tal o 1º Encontro dos Amigos do Hotel Campo Grande?

Foram meses de muita paciência para encontrar um por um. Alguns ex-funcionários nem moram mais em Campo Grande, mas fizeram parte da organização da festa. Ontem (29) um encontro com mais de 100 convidados reuniu quase todo quadro de ex-funcionários e parte da família herdeira do hotel, com direito a famosa feijoada que era servida aos sábados no estabelecimento e deixou muita saudade.

Uma das donas do hotel, Maria Adelaide de Paula Noronha ficou surpresa quando recebeu a ligação de uma das ex-funcionárias e soube do encontro. “Fiquei completamente emocionada. Geralmente quando esses momentos acontecem, nem sempre lembram e convidam os antigos gestores, mas eles fizeram questão e surpreenderam muito. Que festa linda”, descreve Adelaide.

Ela chegou à festa com uma surpresa: a mãe Leonor Maria Coelho de Paula, viúva de José Cândido de Paula, que também era dona de metade do hotel. Conhecida como dona Lola, a matriarca não segurou as lágrimas quando chegou e entendeu do que se tratava o evento. Aplaudida por todos, ela e Adelaide colocaram à mesa um álbum tão valioso quanto um tesouro, como fotos da inauguração do hotel que muita gente nunca viu.

Emocionados, ex-funcionários olharam foto por foto. Um painel com fotografias da antiga equipe também virou um dos pontos altos da festa. Ali muita gente lembrou das histórias, das vindas dos artistas e o quanto era prazeroso trabalhar no hotel.

O historiador Eldo Moro, de 52 anos, nem se acanhou com o choro em meio aos amigos. “Esse momento é único em nossas vidas. Só quem trabalhou no Hotel Campo Grande sabe a alegria que foi”. Ele conta que foi Adelaide e a maneira como a família tratava os funcionários ali que o motivou a fazer a faculdade de história e manter o contato com o público.

Benedito Simões, de 64 anos, era garçom. Lembranças não faltam, mas o que mais lhe emociona é a oportunidade que teve dentro do hotel. “O Hotel Campo Grande foi uma escola pra gente. Fiquei 3 anos e foram anos de muita aprendizagem. Muitos ali que chegavam para trabalhar vinham da roça e não tinham conhecimento, mas dona Lola e dona Adelaide não mediam esforços para nos ensinar, nos dar uma oportunidade de crescer. Foi assim com muita gente”.

Elísio Aparecido era do setor de eventos e carregava muita gente famosa no coração. “Era a parte mais legal, vimos muitos famosos. Adorava quando vinha a seleção de vôlei”, recorda.

Um dos setores mais temidos era o de Márcia Bellé, que era a gerente de Recursos Humanos. Braço direito de Adelaide, viu muita gente entrar e sair do Hotel Campo Grande durante os sete anos que trabalhou por lá, mas ontem teve a certeza que nada ali abalou a história da equipe. “Todos continuam amigos e com saudade daquele tempo”. Márcia começou no hotel como estagiária e formou-se em Psicologia, aplicando tudo em seu setor para o melhor do hotel.

Depois de muitos abraços e homenagens, a festa ficou completa quando um dos ex-funcionários serviu a autêntica feijoada do Hotel Campo Grande. Até as panelas de ferro usadas no buffet ontem eram as mesmas do hotel. “Só de sentir o cheirinho dessa feijoada é como se a gente voltasse no tempo”, diz Roseli Hervas, uma das organizadoras.

Agora, a turma já pensa em um segundo encontro, embora o sabor da feijoada tenha deixado muitos ali com saudade e à espera de uma feijuca aberta ao público para que todo o campo-grandense mate a saudade do hotel junto.

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