Após 22 anos fechado, Hotel Campo Grande é vendido
Por R$ 15 milhões, empresário de MS pretende reabrir empreendimento
O impasse que parecia sem fim em relação ao antigo Hotel Campo Grande, localizado na Rua 13 de Maio, em Campo Grande, parece estar chegando ao fim. Empresário e pecuarista sul-mato-grossense fechou negócio com os herdeiros do antigo empreendimento e por R$ 15 milhões vai adquirir o espaço e transformá-lo novamente em espaço para hospedagens.
Wagner Marcelo Monteiro Borges assinou contrato de compra e venda com os herdeiros do antigo dono do local, José Cândido de Paula, em dezembro do ano passado, e pretende manter o empreendimento como hotel. Ainda não há data, mas em conversa rápida com o Campo Grande News, ele informou que o total desembaraço do negócio depende agora apenas da Justiça. O pedido foi protocolado este ano e o empresário já abriu CNPJ em nome de W Hotelaria LTDA em março, cujo endereço é do Hotel Campo Grande. O registro cadastral original do hotel, entretanto, ainda não foi transferido.
O processo de inventário corre desde 1996, ou seja, já há 27 anos, mas o hotel somente foi fechado em definitivo em 2001. Histórica e icônica, a antiga hospedaria já foi cartão-postal da Capital e quando chegou ao fim, deixou muitas dívidas. E são justamente estas que estão sendo quitadas para que haja o total desembaraço.
“Ao longo dos últimos 22 anos, os herdeiros de José Cândido têm providenciado o pagamento das dívidas deixadas e, como será demonstrado, restam apenas as dívidas fiscais junto à União e à Prefeitura de Campo Grande (MS) para que todas elas estejam quitadas”, cita o pedido do empresário comprador sobre o prédio.
O mesmo documento, que pede a autorização do juiz da 6ª Vara de Família e Sucessões, Alexandre Tsuyoshi Ito, para a efetiva transação de compra e venda do imóvel em inventário, fala do caráter icônico do antigo hotel, mas também da dificuldade de uma solução final ao espaço.
“É notório que a pendência do inventário afasta interessados na aquisição de bens. Não fosse o bastante, apesar de icônico, o Hotel Campo Grande é um imóvel com várias peculiaridades e com baixíssima liquidez, comprovada pelo fato de que, há mais de 20 (vinte) anos, os herdeiros buscam sua venda para pagar as dívidas deixadas”.
Por conta dessas pendências, o contrato de compra e venda já assinado entre as partes, mas pendente de autorização judicial, prevê que é justamente a alienação do bem que garantirá a quitação.
No pedido de habilitação do comprador, é dito inclusive que “o espólio é inequivocadamente solvente, haja vista que os débitos tributários remanescentes serão quitados por ocasião da venda e ainda remanescerão bens que foram avaliados em mais de R$ 20 milhões no ano de 2014”.
Ainda não há decisão final sobre a situação, e em determinação temporária, o magistrado condicionou a autorização de compra e venda ao depósito judicial no valor do bem, ou seja, em R$ 15 milhões. Isso está sendo questionado pelo comprador, inclusive com apresentação das quitações tributárias em andamento e de outros imóveis em nome dos herdeiros que garantem que eles têm outras formas de sobrevivência além do hotel.
Caso a Justiça não autorize o negócio sem depósito judicial, já está previsto que a compra e venda assinada será desfeita. Ou seja, a resolução de um problema que já dura 27 anos na região central de Campo Grande, depende, neste momento, apenas de decisão do juiz.
Histórico – Nos últimos anos, até mesmo o poder público tentou dar fim à celeuma do antigo hotel, com propostas de compra para que o espaço se transformasse em moradia e até mesmo em centro de diagnósticos. Em 2011, foi uma das opções para a instalação do Centro Integrado de Justiça, que se instalou no antigo Shopping 26 de Agosto.
A família do antigo dono chegou a cogitar reabrir o espaço como hotel, mas além de demora no encerramento do inventário – ainda em andamento – também tropeçou na falta de dinheiro e nas dívidas deixadas.
Matéria alterada às 12h28 para correção de informação.