Bar Bola 7 carrega mais de 20 anos de resistência no bairro Amambaí
Espaço já foi cenário em gravação do filme Cabeça a Prêmio, também para clipe sertanejo e hoje quer ser a casa da cultura na região
Há mais de vinte anos a esquina da rua Joaquim Nabuco com a Barão do Rio Branco é o ponto fixo do bar Bola 7, estabelecimento que teve a oportunidade de receber os turistas que desembarcavam no antigo Terminal Rodoviário de Campo Grande, já foi palco de gravação do filme Cabeça a Prêmio e do primeiro clipe da dupla Bruninho & Davi.
O já falecido Reinaldo Lima Lira, chamado carinhosamente de Bola, por conta de suas características físicas, dedicou mais de 15 anos de sua vida ao espaço e só deixou de estar a frente do bar com sua morte, no dia 31 de janeiro de 2012. Ele era dono, amigo dos clientes e fomentador cultural.
Na região, todos respeitavam Reinaldo e o Bola 7, uma consideração que se mantem até a atualidade, especialmente em razão da história construída por ele. Desde 2013 quem toca o bar é Rosane Neli, amiga próxima do bola, que também mantinha um restaurante dentro da rodoviária, o Quitutes.
A história de quando ela aceitou tomar o bar pra si é supreendente. "O Fernando Cruz, do teatro Imaginário Maracangalha, falou que queria fazer o Sarobá aqui, eu estava ainda em dúvida se assumia a responsabilidade porque é difícil, o irmão do Bola, por exemplo, não deu conta. E aí eu prometi que só estaria com o Bola 7 se o evento bombasse. Aconteceu que a gente vendeu mais de 60 caixas de cerveja e eu fiquei", relembra.
O bar sempre teve a sinuca e a jukebox como atrações principais. Rosane quis manter isso, só comprou um novoa aparelho e novas mesas para o jogo. A decoração, pelo contrário, ficou bem diferente. "Antes o barzinho tinha mais cara de boteco, eu reformei pra deixar mais organizado", comenta.
O piso foi trocado, a área de atendimento manteve as bebidas expostas como no passado. Um palco foi construído para poder receber os músicos ou djs no espaço afim de colocar o maior sonho dos dois amigos em prática: ser casa para a cultura no bairro Amambaí.
Pouco a pouco, as coisas estão se encaminhando para o sonho se tornar realidade. O primeiro passo de Arlene foi abrir as portas para a comunidade LGBT da cidade. "Eu tenho muita afinidade com essa comunidade, a maioria dos meus amigos são gays e eu sei o quanto eles sofrem com a falta de espaços para eles".
Orgulhosa do que construiu até agora, Rosane lembra da passagem do bloco Tá Dando Pinta e do Evoé Baco. "São momentos como esses que o bairro volta a ter vida. Até os dependentes químicos se divertem aqui na frente", diz.
Por meio da cultura, ela quer reanimar a região. "Eu sei como existe preconceito. Mas até hoje nós nunca fomos assaltados. Eu ando aqui direto, aqui ao lado tem uma lotérica segura então a conclusão que eu chego é que aqui existe um problema social de saúde pública mesmo, só isso. Não tem nada de errado, temos todo o sistema S na região, duas casas tombadas como patrimônio histórico", completa.
Rosane se emociona ao lembrar do amigo e acredita que ele estaria feliz ao ver a quantas anda o Bola 7. "A gente tem abraçado a diversidade. Desde o público gay até o oposto dele, o público que gosta de sertanejo, que a princípio não tem nada a ver". Aos sábados, eles contratam uma dupla sertaneja para tocar e animar o almoço.
Grande marco pro bar foi entre os anos de 2009 e 2010. "A Alice Braga, o Eduardo Moscovis, o Fúlvio Stefaninni e o Cássio frequentaram o bar por quase um ano gravando as cenas do Cabeça a Prêmio. O Bola se tornou um amigo deles e teve até festa de lançamento do filme aqui, com direito a presença deles", conta.
Parece que o local tem tudo pra ser o novo point da moçada, visto que depois do fechamento do Vai ou Racha muita gente ficou órfã de rolês pela cidade. O local tem cerveja de 600ml a partir de R$ 6, porções de pastel e entradas.
O Bola 7 funciona de segunda a sábado o dia todo. Aos domingos, Rosane reserva o espaço para festas privadas, sem cobrar nada a mais por isso. Para saber mais acesse o link do local.