Cerveró diz que Delcídio o pressionava para conseguir mais propinas
Em delação premiada à Justiça, o ex-diretor Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, deu mais detalhes sobre os esquemas de corrupção da estatal, a qual ficou no cargo entre 2003 e 2008. Um deles foi que sofria pressão do então senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) para realizar novos investimentos na estatal, captando assim mais propinas.
De acordo com os depoimentos do executivo, as cobranças foram feitas em especial perto do período eleitoral de 2006, quando Delcídio concorreu ao Governo do Estado. Contudo, por causa das tratativas em torno do "Mensalão", o ex-parlamentar acabou direcionando atenção para esta questão, "deixando em paz" Cerveró.
Cerveró também apontou que as propinas seriam usadas na campanha eleitoral daquele ano, sendo acertado o repasse de US$ 2,5 milhões para Delcídio. Em outra oportunidade, ele frisa ter feito o pagamento de US$ 900 mil ao candidato a governador.
Porém, o Mensalão enfraqueceu Delcídio, fazendo com que o PMDB ganhasse força na Petrobras, já que houve a renúncia de José Dirceu e a ida de Dilma Rousseff do Ministério de Minas e Energia para a Casa Civil.
Com isso, os peemedebistas, conforme a delação, cobraram para dar apoio a continuidade de Cerveró na diretoria. Os valores recebidos seriam distribuídos para bancar campanhas eleitorais em 2006. Diante da situação e para se manter no cargo, Cerveró aceitou os acordos.
Porém, o PMDB seguia acreditando que Diretoria Internacional era uma "fonte inesgotável" e por isso começou todo um processo para a saída de Cerveró do posto, ao qual foi indicado em 2003 por Delcídio do Amaral e pelo então governador de Mato Grosso do Sul, Zeca do PT - o executivo frisou que Zeca não pediu nenhum ato ilícito para ele.
Perto de perder a diretoria, Cerveró ainda conseguiu através de Fernando Baiano e o pecuarista sul-mato-grossense José Carlos Bumlai agendar reunião com o então vice-presidente Michel Temer (PMDB).
No caso, Bumlai tinha dívida de gratidão com Baiano, relativo a quitação do empréstimo de R$ 12 milhões feito para o PT com o Banco Schahin para pagamento de dívidas de campanha - a quitação foi feita na fraude para a operação da Sonda Vitória 10.000. Bumlai era próximo de Temer e foi ele quem conseguiu o agendamento.