Cerveró diz que foi indicado por Zeca e Delcídio para a Petrobras
Ex-diretor afirma que nunca recebeu pedido de Zeca para praticar ato ilícito. Contudo, ele confirma que Delcídio recebeu propina em negociações
O ex-diretor Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, afirmou em delação premiada que sua indicação ao cargo na estatal foi feita por Zeca do PT à José Dirceu, contando ainda com apoio de Delcídio do Amaral. Cerveró assumiu o posto em 31 de janeiro de 2003, quando Zeca era governador de Mato Grosso do Sul e Delcídio recém eleito senador.
A delação, que foi aberta pelo STF (Supremo Tribunal Federal), ainda revela várias negociatas e casos antigos de corrupção ocorridos na empresa estatal ainda durante o governo FHC (Fernando Henrique Cardoso), desde 1995.
No depoimento, Cerveró afirma que mesmo antes de assumir o posto, teria recebido propina da Alstom para a aquisição de turbinas para termelétricas, ainda antes de Delcídio entrar na Petrobras. Posteriormente, ex-senador sul-mato-grossense assumiu a direção da estatal e também teria recebido propinas.
Já sobre sua indicação à Diretoria Internacional, Cerveró afirma que como foi chefiado por Delcídio, o conhecia, mas o então senador tinha receio da ocupação do cargo por ele, devida tamanha a importância de tal diretoria. Posteriormente, ele buscou o apoio de José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT.
Como Zeca era governador, ele argumentou sobre importância da diretoria para o Mato Grosso do Sul, por causa do gasoduto Brasil-Bolívia, que passa pelo Estado e, inclusive, foi usado em campanha eleitoral por Delcídio. Diante dos argumentos, Zeca concordou e indicou Cerveró à José Dirceu, tendo também respaldo de Dilma Rousseff, então ministra de Minas e Energia.
Contudo, apesar dos vários relatos de corrupção por membros do PT, Cerveró afirmou na delação que nunca recebeu nenhum pedido de "prática de ato ilícito pelo então governador Zeca do PT".