Pré-candidata, Camila Jara fala em "desfavelização" e tarifa zero no transporte
Atual deputada federal é um dos nomes lançados para a disputa pela Prefeitura de Campo Grande no ano que vem
Prestes a terminar o primeiro ano do mandato como deputada federal por Mato Grosso do Sul, a ex-vereadora Camila Jara deve ter em 2024 uma rotina de mais idas e vindas no trajeto Campo Grande/Brasília. Pré-candidata a prefeita da capital, formada em Ciências Sociais, a jovem liderança petista será mais vista por aqui para um tipo de "reconexão" com o eleitorado já que não se via tanto Camila "ao vivo e em cores" pelas ruas da cidade.
"Eu estava na vice-liderança do partido lá, e vice-líder tem que cuidar de tudo do funcionamento da Câmara [Federal] e isso toma muito tempo, mas agora estou mais tranquila", diz assegurando que a ideia é retomar o projeto de ficar em Brasília três vezes por semana, apenas em dias de votação.
Caminhando "automaticamente" ao lado do PV e PCdoB, que fazem parte da federação com o PT, a deputada sinaliza aliança com PSB. Sobre encarar um eleitorado local que apoiou, na maioria, o ex-presidente Jair Bolsonaro, ela diz "por incrível que pareça, teve gente que votou nele e em mim, mesmo tendo projetos políticos tão diferentes".
A deputada conta que inicialmente houve um pedido direto de dois ministros, bem próximos das articulações políticas do governo: Márcio Macêdo, da secretário-geral da Presidência da República e Alexandre Padilha, das Relações Institucionais. "Foi retirado o nome do Zeca [o ex-governador José Orcírio Miranda dos Santos] e automaticamente o partido colocou meu nome à disposição", detalha afirmando ainda que a partir daí aceitou o desafio.
Na carreira pública são as pessoas que escolhem as batalhas que a gente vai enfrentar, não somos nós que escolhemos nossas lutas", diz Camila Jara ao ser questionada sobre os momentos que antecederam a decisão de ser pré-candidata a prefeita.
Um plano de governo está sendo feito neste momento para ser apresentado durante a campanha. "Campo Grande estará preparada para as mudanças climáticas. Vamos trazer um grupo de debate ligado ao meio ambiente. Outra questão é a saúde. Temos baixa cobertura em relação à rede de apoio. Precisamos aumentar a quantidade de profissionais, centros de diagnósticos. Uma pessoa que está com suspeita de câncer conseguir fazer o exame seis meses depois determina se ela estará viva ou não", diz.
A ex-vereadora considera "inaceitável que tenhamos mais de 38 favelas" e defende um plano que classifica como desfavelização para a capital.
Existem debates de como a revitalização urbana de periferias diminui o índice de criminalidade. No passado, tivemos um problema porque o programa Minha Casa, Minha Vida do Governo Federal acabou jogando a população para áreas muitos distantes, agora isso mudou. Para Campo Grande receber recursos terá que oferecer estrutura, aparelhos urbanos", defende Camila Jara.
Outra bandeira defendida pela pré-candidata é a passagem de ônibus de graça. Ela cita uma frente parlamentar criada na Câmara Federal. "Mudamos o sistema tributário e dentro das alterações, o papel da frente é pensar como captar o recurso e destiná-lo à tarifa zero". A parlamentar destaca como vantagens de incentivo ao uso do transporte público a redução de carros nas ruas e de traumas provocados por acidentes.
"A tarifa zero não é irreal por isso tem uma frente parlamentar trabalhando com isso. Macaé, no Rio de Janeiro, é um exemplo", explica. Para ela é comum pensar em saúde e segurança como algo coletivo, mas é preciso considerar também a mobilidade urbana neste mesmo sentido.
Sobre os vazios urbanos da cidade ela cita o IPTU progressivo previsto no plano diretor. "Para atender os interesses de grandes grupos, ninguém regulamentou o projeto que eu considero uma maneira de resolver o problema. Assim, quem explora isso paga a conta", defende a deputada.
Camila Jara destaca uma política de redução de danos para outra grande preocupação em Campo Grande, o aumento de pessoas em situação de rua. Alega que falta diagnóstico para saber identificar pessoas com transtornos mentais e dependentes químicos. "A gente não está tratando sem oferecer lugar para internar alguém em surto e equipes especializadas da polícia para atender, tudo isso tem protocolos que estabelecem relação de confiança. Em São Paulo, por exemplo, um grupo de leitura conseguiu se aproximar de pessoas em situação de rua e isso ajudou a encaminhá-las para tratamento. Restaurantes populares também ajudam nestes casos", defende.
Entre as cidades que a pré-candidata a prefeita pretende usar como referência está Medellín, na Colômbia. "Revitalização de espaço urbano e integração são pontos altos de lá. Atendimento à periferia também. É um 'case' de sucesso na América Latina. Eu procuraria especialistas para trocar experiências, com certeza".
A parlamentar ainda diz que é preciso fazer a economia girar mais, reduzindo a burocracia para empreendedores. "Várias empresas abrem e ao mesmo tempo outras fecham. Um restaurante começa a funcionar, depois de seis meses fecha. É necessário avançar nos alvarás de funcionamento, agilizar autorizações que aumentam custos e travam o processo econômico", finaliza.
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