Servidora cedida pela Seleta era ex-nora de Magali Picarelli
Vereadora foi levada para prestar depoimento pelo Gaeco
Investigada por manter funcionárias cedidas pela Prefeitura de Campo Grande, por meio do convênio com a Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária, a vereadora Magali Picarelli (PSDB) contratou em 2015 a ex-nora para trabalhar em seu gabinete. A informação foi confirmada pelo advogado da parlamentar, Carlos Marques, nesta quarta-feira (14).
Magali está na lista de pessoas que foram levadas para depor, na chamada condução coercitiva, pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), ontem.
A Operação é a Urutau, que investiga crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa, peculato e improbidade administrativa pelos presidentes da Seleta e Omep (Organização Mundial pela Educação Pré-Escolar), Gilbraz Marques e Maria Aparecida Salmaze, que está presa.
O problema está nas contratações feitas por meio dos convênios das entidades com o Município, consideradas fraudulentas pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) e pela Justiça.
De acordo com o advogado Carlos Marques, uma das servidoras cedidas para Magali Picarelli foi casada com o filho da vereadora. “Não é mais nora. Já tinham cinco anos de separados quando ela foi nomeada”, disse.
As duas funcionárias eram mantidas pelo convênio do Município com a Seleta, ou seja, recebiam seus salários por meio de verba pública da Prefeitura. No entanto, em 2015, ambas foram cedidas, a pedido da vereadora pela SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), e, mesmo assim, continuaram recebendo salários do Executivo Municipal.
“É correto, toda cedência é assim”, afirmou a defesa ao ser questionada se é certo a remuneração ser paga pelo convênio, sendo que o trabalho era exercido na Câmara Municipal. “Ás vezes, quem paga é a origem ou quem recebe. Neste caso foi a origem”.
Magali Picarelli foi ouvida pelo Gaeco justamente por conta das funcionárias cedidas. Segundo o advogado, o depoimento dela durou 10 minutos. “Creio que não terá mais desdobramento em relação a ela”.
As duas funcionárias não trabalham mais com o parlamentar, disse o advogado, já que o retorno delas para a Seleta foi pedido no início deste ano. Com a vereadora, as duas exerciam cargos de assessora parlamentar, cujos salários, “devem” ter girado em torno de R$ 1,1 mil.
Na manhã de ontem, o Gaeco esteve na sala da vereadora na Câmara Municipal, onde recolheu uma série de documentos e encaminhou Magali para depor.
Investigação - Em abril, uma das investigações que corre no Ministério Público sobre o assunto, constatou indícios “da atuação de outras pessoas no aparelhamento dos órgãos públicos por indicados políticos” e por isso a apuração seguiu com "fins de responsabilização criminal e atos de improbidade".
Diversos vereadores haviam feito indicações para trabalharem por meio dos convênios. Mesmo não tendo preparo para determinadas atividades eram contratados, afirmou o MPE. Magali não constava na lista de parlamentares, na ocasião.