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Cidades

Agetran justifica “conforto” apontado no relatório sobre os ônibus

Agência reconhece que o “bom” precisa ser melhorado a cada auditoria

Por Kamila Alcântara | 26/11/2024 16:36
Passageiro sobe em ônibus quase vazio, da linha 063 - Terminal Moreninhas / Terminal Aero Rancho, na Avenida dos Cafezais (Foto: Arquivo)
Passageiro sobe em ônibus quase vazio, da linha 063 - Terminal Moreninhas / Terminal Aero Rancho, na Avenida dos Cafezais (Foto: Arquivo)

Após o resultado um tanto quanto controverso do relatório sobre o transporte coletivo, divulgado na última semana, principalmente nos tópicos que consideram o serviço "excelente" e "bom", a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) de Campo Grande explicou que os indicadores são técnicos e precisam ser melhorados.

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A Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) de Campo Grande explicou os resultados controversos de seu relatório sobre o transporte coletivo, que classificou o serviço como "excelente" e "bom" em alguns aspectos. A agência esclarece que os indicadores utilizados são técnicos e baseados em uma equação de licitação de 2012, não considerando aspectos como limpeza e ar-condicionado no quesito "conforto". A avaliação considera a lotação média em todas as linhas, não apenas em horários e linhas de pico, justificando as classificações positivas mesmo com relatos de superlotação em alguns horários. A Agetran afirma que acompanha os índices e os utiliza para cobrar melhorias no serviço, utilizando o Centro de Controle Integrado de Mobilidade Urbana para monitorar o cumprimento das obrigações contratuais.

Importante para gestão de todo o sistema de trânsito da Capital, essas auditorias acontecem com frequência, desde o TAG (Termo de Ajustamento de Gestão) firmado com o TCE (Tribunal de Contas do Estado) em 2019, tendo como base de cálculo uma equação apresentada na licitação de 12 anos atrás.

Para esclarecer os pontos avaliados, o Henrique de Matos Moraes, auditor-chefe do setor responsável pelo monitoramento dos índices de desempenho do Consórcio Guaicurus, mostrou ao Campo Grande News como esse sistema funciona.

Ele esclarece que o tópico “conforto” não leva em consideração limpeza dos veículos, ar-condicionado ou outras questões que, literalmente, tornaria a viagem mais confortável. De acordo com os indicadores definidos na licitação de 2012, esse índice faz o cálculo de passageiros por capacidade nominal, ou seja, quantas pessoas ocupam os ônibus nos bancos e “espaços úteis”, em pé.

Henrique de Matos Moraes, auditor-chefe do setor de Auditorias da Agetran (Foto: Kamila Alcântara)
Henrique de Matos Moraes, auditor-chefe do setor de Auditorias da Agetran (Foto: Kamila Alcântara)

“Reconhecemos os questionamentos da população, pois quem pega um ônibus para o Centro no horário de pico enfrenta a superlotação. Porém, de acordo com a licitação, esse número só seria ruim se essa lotação acontecesse em todas as linhas ao mesmo tempo, e isso é quase impossível”, explica o auditor.

Por exemplo: enquanto um usuário está completamente espremido em um dos veículos que faz a linha 080 - Terminal Aero Rancho/Terminal General Osório, ao atravessar o Centro da cidade, tem uma pessoa sentada e tranquila na linha 513 - Tv Nicomedes. Esse indicador só deixará de ser “excelente” quando as mais de 185 linhas ativas na cidade estiverem com todos os veículos lotados ao mesmo tempo, e na maioria dos dias, contando os finais de semana.

Alguns itens foram considerados “bons” e Henrique detalha que isso não significa que o serviço está estável, mas que precisa ser melhorado, porque já é uma pontuação considerada baixa pelos auditores.

"Quando a gente vê que algum dos fatores está nessa pontuação, sabemos que a experiência do usuário está abaixo do apontado aqui. É preocupante e vamos cobrar para que seja melhorado nas próximas avaliações, aplicando auditorias constantes", reforça.

Gráfico mostra que, dos dias 1° a 31 de outubro, 4,2 milhões de passageiros foram transportados; a capacidade total do serviço é de 14,7 milhões (Foto: Kamila Alcântara)
Gráfico mostra que, dos dias 1° a 31 de outubro, 4,2 milhões de passageiros foram transportados; a capacidade total do serviço é de 14,7 milhões (Foto: Kamila Alcântara)

Por fim, ele apresentou o Centro de Controle Integrado de Mobilidade Urbana, que fica na Agetran. Nele, por telas e gráficos, os fiscais conferem se as outras obrigações estão sendo cumpridas, com o monitoramento dos veículos em tempo real. Inclusive, um dos auditores assinou os autos de infrações para os motoristas que descumpriram o horário da tabela.

“Nós não monitoramos e avaliamos apenas os ônibus, temos caçambas pela cidade, funcionamento de táxis, mototáxis e muitos outros serviços. Sabemos que os índices não refletem o correto, teríamos que ter melhores indicadores para definir, mas isso é questão de contrato”, termina.

Relatório mais recente - O documento traz informações dos meses de agosto, setembro e outubro de 2024, além de uma tabela de referência. Em todos os meses, os índices figuram como bom, ótimo ou excelente. Nenhum índice foi considerado regular ou insuficiente no último trimestre.

O item “conforto” é considerado excelente se tiver pontuação menor de 0,70. Em outubro, conforme o relatório, o índice foi 0,34 em horário de pico e 0,26 fora do horário de pico. A “pontualidade” é excelente se for maior que 95%. O relatório traz 97,56% de pontualidade para o mês de outubro.

Henrique mostra o que é monitorado com relação ao transporte coletivo, no Centro de Controle Integrado de Mobilidade Urbana (Foto: Kamila Alcântara)
Henrique mostra o que é monitorado com relação ao transporte coletivo, no Centro de Controle Integrado de Mobilidade Urbana (Foto: Kamila Alcântara)

Também há indicadores de universalidade de atendimento, regularidade, eficiência, cortesia na prestação, características da frota e desempenho econômico. Clique aqui para conferir o relatório, publicado em um suplemento do Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande), do dia 21 de novembro.

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