De MS, engenheiro desaparecido em Brumadinho levou o tereré e a pesca
Vinícius Ferreira morou em Corumbá por três anos, e segundo o irmão, sempre guardou recordações e amigos do Estado
São poucas as palavras que a voz cansada de Bruno Leite Ferreira, de 42 anos, é capaz de proferir sobre o irmão Vinícius Henrique Leite Ferreira, de 40, que ainda está na lista de desaparecidos após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão em Brumadinho-MG na última sexta-feira (25) .
Além de tantas coisas que irmãos nutrem juntos, Bruno e Vinícius tem a profissão em comum, a engenharia. A carreira que trouxe o mineiro para morar por três anos em Corumbá.
Sobre este período, Bruno conta que Vinícius aproveitou para praticar um dos seus hobbies, a pescaria. Vivendo com o Pantanal como seu vizinho, ele sempre aproveitava ocasiões para jogar o anzol nas águas do rio Paraguai.
Em terras sul-mato-grossenses ele aprendeu a gostar do tereré. “Ele aprendeu a gostar do tereré”, conta Bruno. “Tem uma cuia daquelas na casa dele”, fala sobre o que provavelmente é uma guampa.
De Corumbá, o irmão mais velho conta que gostava da cidade, “mas achava muito quente. Ele tinha medo das baratas também. Falava que eram gigantes”, descreve.
No seu perfil do Facebook se percebe o carinho com o Estado; dentre as poucas imagens que usou no seu perfil, mostra um pantaneiro usando um berrante.
Na unidade da Vale em Brumadinho, Vinícius trabalhava como gestor de patrimônio e seu local de trabalho era praticamente ao lado da barragem.
Com pai já falecido, Bruno diz que tanto ele, a mãe, os três filhos de Vinícius, mesmo após 7 dias da tragédia, ainda têm esperança de que as equipes de resgate o encontrem com vida.