Ação pede júri para mãe que deu carro a menor em acidente com morte
Sete meses após o acidente, a mãe do adolescente José Eduardo Tavares Manzione Menegat, Michele Menegat, resolveu escrever sobre a morte do filho, especialmente para pedir punição à outra mãe envolvida no caso. Ela protocolou hoje na Justiça queixa-crime pedindo que Mariza Pacheco, que segundo as investigações entregou o carro ao adolescente que dirigia o veículo, seja processada por homicídio doloso.
José Eduardo Menegat, o filho de Michele, era um dos ocupantes do carro dirigido por um amigo, de 15 anos, no dia 10 de novembro. Bêbado, o motorista perdeu o controle do veículo e Eduardo foi lançado para fora. O carro tinha 7 garotos, que voltavam de um churrasco.
Michele acionou a Justiça para que a mãe do condutor vá a júri popular por ter repassado as chaves ao filho, apesar de saber que o garoto não tinha habilitação e havia bebido em uma festa que antecedeu o acidente.
Para Michele, a conduta da mãe é ainda pior que a do filho: “É inadmissível uma mãe emprestar um carro a um filho de 15 anos de idade e ainda conseguir ficar em casa esperando o seu retorno. Quando não se sabe usar, veículo é uma arma e, nesse carro, quem morreu foi o meu filho.”
A queixa-crime foi apresentada contra a proprietária do veículo, porque, na avaliação de Michele, “apesar de o inquérito policial não ter abordado de forma direta a conduta da mãe que cedeu o veículo ao adolescente infrator, os elementos colhidos são suficientes para embasar a queixa-crime, iniciando a ação penal e conduzindo Mariza ao julgamento pelo Tribunal do Júri”.
O motorista já responde por homicídio doloso (quando há intenção de matar). O inquérito também apontou responsabilidade do proprietário da conveniência que forneceu bebida alcoólica aos adolescentes e de um dos pais de outro adolescente, onde ocorria o churrasco de onde o grupo saiu para comprar mais bebidas e acabou envolvido no acidente. Nesses casos, o processo corre no Juizado, sendo considerado de menor potencial.
Em texto enviado ao Campo Grande News, Michele diz que com a ação contra a mãe do menino pretende “tanto punir a conduta de Mariza Pacheco, por emprestar o veículo a um filho adolescente, com personalidade ainda em formação, gerando a morte de José Eduardo, como também de prevenir e chamar a atenção dos demais pais, a fim de cuidar para que seus filhos não conduzam veículo antes do momento certo.”
Na denúncia feita à Justiça, o advogado da família da vítima, Gustavo Passarelli, argumentou que o adolescente conduziu o veículo a velocidades extremas, chegando a atingir 200km/h e que “a genitora agiu de forma dolosa, na modalidade eventual, ao assumir o risco do resultado, pois confiou o veículo ao filho, de 15 (quinze) anos de idade, quando na verdade deveria zelar por sua segurança e de todos aqueles que foram expostos”.
Sobre o fato de José Eduardo ter aceitado sair com os amigos, apesar da embriaguez do motorista, a família sustenta que os passageiros insistiram para que o condutor parasse o carro, mas mesmo assim ele teria continuado com manobras arriscadas em alta velocidade.
“Um dos adolescentes que estava no veículo contou à Polícia que o adolescente que conduzia o veículo era acostumado a dirigir e que frequentemente levava a mãe, Mariza Pacheco, a casa de amigos e outros lugares. Há notícias, também, de que o adolescente teria ganhado o veículo de presente no início do ano de 2011, logo que completou 15 (quinze) anos de idade”, garante a acusação.