Ação que julga morte de menina de 2 anos terá pausa para perícia em celulares
Fotos, vídeos e áudios serão analisados, até arquivos apagados, mas recuperados
A pedido do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que acusa Christian Campoçano Leitheim, de 25 anos, de matar a enteada de 2 anos espancada e também de violentá-la sexualmente, além de ter denunciado a mãe da menina, Stephanie de Jesus da Silva, 24, por envolvimento dos crimes, pediu que os celulares dos réus sejam periciados. Fotos, vídeos e áudios serão analisados, até os arquivos que porventura tenham sido apagados, mas recuperados.
Enquanto isso, o processo que julga a morte da menina terá uma pausa. Todas as testemunhas, de acusação e defesa, já foram ouvidas em juízo. Só na tarde desta sexta-feira (26), foram oito coletas de depoimentos. As oitivas começaram às 13h30 e terminaram cinco horas depois.
Conforme informou o juiz Carlos Alberto Garcete, via assessoria de imprensa, agora, só depois que os laudos forem anexados à ação penal é que o titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri vai marcar os interrogatórios dos réus.
Renato Cavalcante Francos, um dos defensores de Christian, também espera que dados trazidos pela perícia ajudem a defesa. “Foi feito um requerimento de perícia nos celulares pelo MP, mas os laudos serão colocados à disposição de todas as partes. Vamos ter contato com isso e verificar o que importa para a solução do caso. Todos nós queremos a elucidação do caso. Desde o início, estou dizendo, os dois são apontados como as pessoas responsáveis pela morte, mas isso não é uma certeza. No momento, nós temos indícios de autoria. A certeza só vamos ter ao final do processo”.
A reportagem tentou falar com a defesa de Stephanie, mas a advogada Katiussa do Prado Jara recusou-se a dar entrevista.
O crime – No dia 26 de janeiro deste ano, a menina de 2 anos e 7 meses deu entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica apontou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes de chegar ao local.
O atestado de óbito apontou que a menininha sofreu lesão na coluna cervical. Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que também sofria violência sexual.
O padrasto responde pelo homicídio com as três qualificadoras e pelo estupro, já a mãe da menina pelo homicídio, como o Christian, mesmo que não tenha agredido a filha, mas porque no entendimento do MPMS ela se omitiu do dever de cuidar.
A morte jogou luz sob processo lento e longo que a menina protagonizou com idas frequentes à unidade de saúde – mais de 30 em 2 anos –, tentativa do pai em obter a guarda após suspeita de que a criança era vítima de agressão e provocou série de audiências públicas, protestos e mobilização para criação da Casa da Criança, bem como soluções ao falho sistema de proteção à criança e ao adolescente em todo o Brasil.
(*) Os rostos dos réus não são mostrados por determinação do juízo, porque o processo de homicídio tramita em segredo de Justiça.