"Penso que destruí duas famílias", diz homem que assassinou a ex por ciúme
Messias Cordeiro, de 25 anos, foi ouvido pela primeira vez nesta quarta-feira (30), no Tribunal do Júri
"A minha intenção era de tirar minha vida na frente dela, pra ela sentir parcela da culpa", disse Messias Cordeiro, de 25 anos, réu por matar Karolina Silva Pereira, 22, e Luan Roberto de Oliveira, 24, no Bairro Colibri II no banco dos réus.
Com seis testemunhas ouvidas pela parte da defesa e uma pela acusação, a segunda audiência sobre o assassinato ocorreu até o fim tarde desta quarta-feira (30) no Fórum de Campo Grande.
Em um depoimento de quase duas horas, Messias aceitou apenas responder as perguntas de seus advogados. "Eu não estava bem, aí vi tudo aquilo, [uma suposta cena onde Karolina beija Luan]... Nós ficamos 8 meses juntos. Não a impedia de ter amigo, isso é mentira", rebateu.
Sobre a vida com a jovem, o acusado afirmou que Karol "gastava demais". "Não a controlava, tentava ajudar a ter um controle financeiro pois era um gasto de R$ 2,5 mil ganhando apenas R$ 1,8 mil ao mês. Na formatura, a gente não tinha aquele dinheiro para gastar", apontou.
"Hoje, penso que destruí duas famílias, inclusive de um rapaz que não conhecia. Peço perdão pois não era a intenção", disse enquanto a mãe de Luan, a manicure Ednamar Braga de Oliveira, 49, era retirada da sala.
"Inclusive, no dia que eu tava na delegacia depois do flagrante, apareceu um delegado bombado me ameaçando, disse pra eu me matar já que era isso que eu queria fazer. Mandou eu tirar minha roupa e prender na parte de cima da cela, ainda mostrou onde era pra pendurar. Colocou minhas coisas do lado de fora e me deixou passando frio naquela madrugada."
Defesa - O primeiro a ser ouvido foi o Ezequiel Cordeiro da Silva, irmão de Messias, acusado do crime.
Segundo o familiar, Messias sempre foi uma pessoa amorosa e exemplo por ser mais velho. "A gente tinha um pacto de nunca ferir uma mulher por tudo que vimos em casa. Ele conheceu a Karol em uma festa, e durante o tempo em que eles ficaram juntos, ela exigia muito dele. A sogra ficava falando que ele não era um cara ideal depois que saiu do quartel por questão psicológica", relatou.
Em seguida, foi a vez de Claudineia Cordeiro de Jesus Silva, mãe do acusado. Ela pontuou que Karol tinha um plano de se mudar para Portugal diante das dificuldades encontradas. "A mãe não aceitava o namoro deles. Falava que ele não servia pra ela porque era pobre, chamava ele de vagabundo quando saiu do emprego... Mas a verdade é que ela não sabia de muitas coisas que aconteciam com a filha dela, inclusive da dívida que a Karol tinha".
Já a terceira testemunha de acusação, Jean Carlos Primo, disse em depoimento que um policial civil o ameaçou de morte durante as buscas por Messias. “Ele era meu orgulho, o menino que não tinha nada, entrou no quartel e teve um vida boa, nunca se envolveu com álcool, droga, e que desde muito cedo assumiu o papel de chefe de família”.
Por fim, os advogados fizeram o requerimento para teste de insanidade mental, mas o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, negou com a justificativa de que Messias está lúcido. A defesa quer mudar as qualificadoras tentando tirar o feminicídio e a emboscada para deixar apenas o motivo torpe.
Crime - No dia 30 de abril de 2023, Luan foi assassinado com um tiro no tórax, no Jardim Colibri II, em Campo Grande. O jovem não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Ele estava acompanhando Karolina até em casa após um dia de trabalho. Ela também foi baleada na cabeça e pescoço, teve exposição de massa encefálica e foi socorrida em estado grave.
Karolina morreu no dia 2 de maio. Messias se entregou para a polícia após cometer o crime. Ele chegou a enviar mensagens à mãe da jovem, confessando o assassinato.
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