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Capital

Proprietária de creche clandestina e cuidadora viram rés por torturar crianças

Denúncia foi recebida e, agora, Caroline Rech e Mariana Correia respondem na Justiça por 3 crimes

Anahi Zurutuza | 27/07/2023 18:02
Caroline Florenciano dos Reis Rech, de 30 anos, está presa desde o dia 10 (Foto: Reprodução das redes sociais)
Caroline Florenciano dos Reis Rech, de 30 anos, está presa desde o dia 10 (Foto: Reprodução das redes sociais)

A dona de creche que operava clandestinamente em Naviraí, Caroline Florenciano dos Reis Rech, de 30 anos, e a funcionária dela, Mariana de Araújo Correia, 26, já são rés pelos crimes de tortura praticado contra 13 crianças, maus-tratos contra 7 vítimas e por colocarem a saúde de 14 meninas e meninos em risco, dopando-os durante o período que estavam no estabelecimento. A denúncia, oferecida pela promotora de Justiça Leticia Rossana Pereira de Almada foi recebida pelo juízo da 1ª Vara Criminal da cidade nesta quarta-feira (26).

De acordo com a Promotoria, ao longo da instrução processual, a investigação prosseguirá, ouvindo testemunhas, por meio de depoimento especial, se for o caso, interrogatório das acusadas e com a produção de outras provas.

Nesta quinta-feira (27), Mariana, que havia pagado fiança de 1 salário mínimo (R$ 1.320) para deixar a prisão, no dia 11 de julho, voltou para a cadeia. De acordo com a Polícia Civil, novos elementos surgiram na investigação e, por isso, foi pedida a prisão preventiva (por tempo indeterminado) da cuidadora.

Mariana negou, em solo policial, ter agredido as crianças, mas contou que viu Caroline bater e beliscar os pequenos. Ela foi indiciada por expor a vida de outrem a perigo, porque foi filmada medicando bebê de 11 meses com Dramavit – remédio que fez a menina “apagar”. Porém, a investigação verificou depois que além de estar presente nos momentos em que a proprietária do “Cantinho da Tia Carol” praticou agressões físicas e verbais contra a garotinha e ter se omitido diante da tortura, a mulher também agrediu a bebê fisicamente.

Mariana de Araújo Correia, 26, foi presa novamente nesta quinta-feira (Foto: PCMS/Divulgação)
Mariana de Araújo Correia, 26, foi presa novamente nesta quinta-feira (Foto: PCMS/Divulgação)

A prisão – Investigando denúncia de maus-tratos na “escolinha”, delegados e investigadores de Naviraí viram e ouviram, ao vivo, a bebê de 11 meses sofrendo agressões físicas e psicológicas numa segunda-feira, dia 10 de julho, quando começaram monitoramento à distância usando equipamentos de filmagem escondidos instalados no estabelecimento com autorização judicial. Além disso, assistiram à menina ser dopada.

Diante da violência e risco que crianças corriam nas mãos de Caroline, a equipe da Polícia Civil decidiu invadir a creche e prendeu as duas adultas que estavam no local.

De acordo com o registro policial, “logo no início da operação, às 10h35, a investigada Caroline agrediu fisicamente uma bebê, posteriormente identificada como menina* de 11 meses”. Segundo a descrição, pelo monitoramento em tempo real, foi possível ver que a criança estava em um colchão no chão, sozinha, e havia saído do local, momento que a cuidadora pega a pequena e joga de volta no acolchoado.

“Foi perceptível a violência empregada por Caroline, bem como a intenção de castigar a pequena criança em virtude do choro”, anotou a delegada Sayara Baetz, que redigiu o documento.

Local onde crianças ficavam sob os cuidados de Caroline Rech e funcionária (Foto: Direto das Ruas)
Local onde crianças ficavam sob os cuidados de Caroline Rech e funcionária (Foto: Direto das Ruas)

Treze minutos depois, a garotinha voltou a chorar e, então, apanhou. Como o equipamento instalado no “Cantinho da Tia Carol” captava imagem e áudio, conforme registrado, a investigada xingou a criança de “sem vergonha” e comentou com a funcionária que quando a menina começasse a andar, “estavam lascadas”.

A bebê continuou chorando sozinha, mas logo parou. Neste momento, equipe da DAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) foi enviada para ficar de prontidão próximo à creche caso fosse necessária intervenção rápida.

Os policiais que permaneceram na delegacia perceberam que as imagens não estavam sendo gravadas e diante da necessidade da coleta de provas, técnicos foram chamados para resolver a questão.

Quem assistia à câmera começou a estranhar que a menininha estava há muito tempo parada, não tentava se levantar do colchão, engatinhar ou se arrastar, parecendo estar dopada. Às 12h45, a funcionária de Caroline foi vista dando remédio para a neném, que logo dormiu.

A equipe do monitoramento notou ainda que as duas mulheres ficavam o tempo todo sentadas, mexendo no celular, sem olhar para as outras crianças no ambiente. Mesmo constatando que boa parte das cenas não haviam sido gravadas, policiais decidiram invadir o local e prender a dupla.

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