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Cidades

Casos de HIV em Campo Grande estão em alta nos últimos dois anos

Dois locais oferecem tratamento para o vírus em Campo Grande. Apesar dos avanços, prevenção ainda é desafio para evitar aumento de contaminações

Izabela Sanchez | 16/09/2018 11:03
Hospital Dia, divisão do HU que oferece tratamento para pessoas com HIV (Izabela Sanchez)
Hospital Dia, divisão do HU que oferece tratamento para pessoas com HIV (Izabela Sanchez)

Viver com HIV, a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana, já foi motivo de tabu e medo. Hoje quem convive com o vírus pode levar uma vida tranquila, ao menos no Brasil, que oferece tratamento gratuito e  considerado de qualidade. A prevenção é, ainda assim, motivo de preocupação, já que o número de notificações de pessoas com o vírus está crescendo, nos últimos dois anos.

Dados da Sesau (Secretaria Municipal de Sáude) mostram 255 casos descobertos em 2017, número 55% maior do que o registrado em 2016. Dois anos atrás, o fechamento mostrou 164 casos. Em 2018, até maio, número mais recente, foram 97 casos foram registrados.

O que mostra claramente a evolução é o número mensal de registros. Em 2016, a média era de 12 casos a cada 30 dias. Em 2017, saltou para 21 e este ano está em 19 casos novos por mês.

No Hospital Dia Professora Esterina Corsini, Unidade de Doenças infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário, ao menos um caso novo é acolhido a cada dia. Com relação a aids, a saúde pública municipal registrou 144 casos em 2016, 162 em 2017 e 51 casos até maio deste ano.

O que é o hiv e o que é a aids – HIV é o nome do vírus que ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. A aids é a doença que pode ser causada caso o HIV não seja tratado. O diagnóstico da aids ocorre quando a pessoa é acometida de alguma doença causada pela baixa imunidade, chamada de doença oportunista.

O contágio com HIV pode ocorrer com sexo vaginal, anal ou oral sem camisinha, com uso de seringas compartilhadas, transfusão de sangue contaminado ou passar da mãe para o filho durante a gravidez.

Campo Grande oferece testes rápidos nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e no CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento). Feito o teste e confirmado o resultado, o paciente é encaminhado ou para o Hospital Dia, no HU, ou no CEDIP (Centro de Doenças Infecto-parasitárias), no bairro Nova Bahia.

O acolhimento – Chefe do Hospital Dia, a enfermeira Adriana Carla Garcia Negri explica que o tratamento do paciente começa com o acolhimento, feito por uma equipe multidisciplinar, composta por cerca de 30 profissionais.

“Ele é atendido, em primeiro lugar por um acolhimento, que é uma equipe de enfermagem, que é uma entrevista. Pergunta como está, essa questão psicológica, como ele recebeu essa notícia. Temos também um psicólogo aqui que faz esse acolhimento conosco. No primeiro momento a gente vai tirar todas as dúvidas, se ele está ansioso a gente já marca uma consulta com a nossa psicóloga e fazemos os exames laboratoriais de primeira entrada. Nós temos um rol de exames que a gente já colhe aqui e marca, em média 30 dias para todos os resultados saírem, já para a primeira consulta médica”, explica.

Casos em Campo Grande apresentam evolução desde 2016 (Reprodução)
Casos em Campo Grande apresentam evolução desde 2016 (Reprodução)

Falta prevenção – Para a enfermeira, a prevenção tem ficado em segundo plano e as pessoas perderam o medo da doença. Adriana avalia que este é o principal motivo para o aumento contínuo de casos.

“É maior comodidade e conforto pra quem usa as medicações, que há 20, 30 anos atrás, fazia o tratamento com 15, 20 comprimidos por dia, hoje pode iniciar com dois ou três por dia. Então é uma diferença gritante. Mas essa melhora no tratamento parece que fez com que as pessoas não tivessem mais medo de ter que fazer esse tratamento. O paciente com hiv hoje vive bem, se ele tomar a medicação, vir nas consultas, praticar atividade física, vir nas consultas. É um conjunto de ações, então se banalizou o tratamento”, afirma.

Algumas siglas - PEP (Profilaxia Pós-Exposição). É uma medida de prevenção à infecção pelo HIV que consiste no uso de medicação em até 72 horas após qualquer situação em que exista risco de contato com o HIV. As situações de risco podem incluir violência sexual; relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha) e acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico).

A PEP utiliza medicamentos antirretrovirais que agem para evitar a sobrevivência e a multiplicação do HIV no organismo e, por isso, deve ser iniciada o mais rápido possível, se possível nas duas primeiras horas após a exposição ao vírus e no máximo em até 72 horas. O tratamento dura 28 dias e a pessoa deve ser acompanhada pela equipe de saúde por 90 dias.

PREP (Profilaxia Pré-Exposição) – É um novo método de prevenção à infecção pelo HI. Consiste na tomada diária de um comprimido que impede que o vírus causador da aids infecte o organismo, antes de a pessoa ter contato com o vírus.

Tarv (Terapia Anti Retro Viral). Composta por medicamentos anti retro virais, ou seja, para inibir os vírus no organismo. Os medicamentos são fornecidos de forma gratuita nos locais de tratamento e devem ser retirados mensalmente. São cerca de dois ou três comprimidos tomados diariamente. A maioria das pessoas que fazem o tratamento chegam a apresentar carga viral negativa.

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