Funai diz que índios kadiwéu ocupam apenas uma fazenda no Pantanal
Grupo de aproximadamente 120 pessoas ocupa a fazenda desde a tarde de quarta-feira
A Funai (Fundação Nacional do Índio) afirmou nesta sexta-feira (24) a ocupação dos índios da etnia Kadiwéu acontece apenas em uma das propriedades da região de Nabileque, em Corumbá - a 426 quilômetros de Campo Grande. O grupo acampa na Fazenda Baía da Bugra desde quarta-feira.
Na tarde do dia 22 de novembro os índio chegaram à fazenda, usando uma caminhonete do Ibama e montaram acampamento no local. De acordo com o coordenador da Funai, Paulo Rios, os funcionário da propriedade foram orientados a deixarem as casas, mas em nenhum momento houve o uso de violência e toda a ocupação foi pacífica.
No local, os índios pedem a demarcação de 145 mil hectares que pertence ao condomínio de fazendas da região, que abrange 12 propriedades. A briga pelo local está na justiça desde 1987 e após 30 anos ainda não há decisão.
Desde ontem, dia 23 de novembro, o Funai tenta negociar a saída do grupo do local, mas segundo Rios, os índios estão “irredutíveis”. Ao contrário do que informado pelos fazendeiros, Rios afirmou que apenas uma das propriedades, a Baía da Bugres, está ocupada e que não houve “ordem de retirada” dos gados e funcionários das outras 11.
Nesta manhã, o advogado Carlos Fernando de Souza, representante dos fazendeiros, procurou a Polícia Federal para registrar um boletim de ocorrência sobre a invasão, em nome dos 12 clientes. “Houve uma tentativa de negociação então os proprietários e os caciques, mas é quase improvável um acordo”, destacou o defensor.
Segundo Souza, a situação no local é tensa e novos integrantes da aldeia chegaram ao local. “Ontem eram 80, hoje chegaram mais de 30”. Na versão dos fazendeiros, nove propriedades já são ocupadas pelos índios. Ainda conforme o advogado, o próximo é passo e tentar diante os órgãos de segurança pública garantir a segurança dos clientes.
Carro oficial - Ao Campo Grande News, o superintendente do Ibama em Mato Grosso do Sul, Dorival Betini, explicou que a caminhonete usada na ocupação era cedida e uma aldeia da região no projeto Prevfogo. “A informação que chegou para gente, dessa situação, é que o índio responsável pelo veículo foi forçado a participar da ocupação”.
Betini explicou que um grupo brigadistas da aldeia foi treinado e que a caminhonete deveria ser usada na prevenção e combate aos incêndios florestais, mediante assinatura de um contrato, que vence no dia 30 deste mês. Por conta do uso indevido do veículo, o documento não será renovado. A caminhonete já foi recolhida.