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Três semanas após operação, gás continua com preço ditado por cartel

Segundo pesquisa da ANP, maioria adota o mesmo preço pelo botijão; promotor afirma que problema é cultural

Helio de Freitas, de Dourados | 18/04/2018 13:22
Antes de ser desmantelado pelo MP, cartel pretendia elevar o preço do gás para R$ 90 em Dourados (Foto: Arquivo)
Antes de ser desmantelado pelo MP, cartel pretendia elevar o preço do gás para R$ 90 em Dourados (Foto: Arquivo)

Três semanas após a Operação "Laisse Faire", que desmantelou o esquema de cartel de gás de cozinha em Dourados, a 233 km de Campo Grande, a maioria dos pontos de venda continua praticando preço semelhante e o valor não mudou, segundo pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo).

Apesar de oito comerciantes de gás da cidade terem sido denunciados pelo Ministério Público por cartelização, crime contra a ordem e econômica e organização criminosa, nos bairros o preço do gás não baixou, como acreditavam muitos consumidores.

Conforme a pesquisa da ANP feita no dia 10 deste mês, o preço médio em 29 revendedores visitados é de R$ 70,44. O botijão mais barato é vendido por R$ 65 e o mais caro por R$ 80,00.

A investigação do Ministério Público, que incluiu escutas telefônicas autorizadas pela Justiça e depoimentos de testemunhas, mostra que os empresários do setor combinavam o preço do gás e chegavam a ameaçar os concorrentes que insistiam em vender o botijão mais barato.

Outro detalhe apontado na pesquisa da ANP indicando a permanência das regras do cartel é a padronização do preço do gás na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul. Dos 29 pontos de venda pesquisados, oito vendem o gás por R$ 65, quatro por R$ 68, nove praticam preço de R$ 70, quatro vendem por R$ 75, um por R$ 79 e três por R$ 80.

O promotor de Justiça Etéocles Brito Mendonça Dias Júnior afirmou que a padronização do preço do gás em Dourados é uma questão cultural. “A maioria dos comerciantes do setor não sabe trabalhar de outra forma”, disse ele ao Campo Grande News.

Apesar de a padronização de preços continuar nas revendas de gás de Dourados, o promotor afirma que a operação surtiu efeito para o consumidor, já que a quadrilha, quando foi presa no dia 27 de março, planejava elevar o preço para R$ 90 e ditar o valor para todos os revendedores de Dourados.

Segundo ele, as investigações continuam, principalmente contra os revendedores clandestinos e outros empresários “que ajudam a alimentar essa engrenagem perversa”. Em breve, afirmou o promotor, todas as empresas do setor serão chamadas para assinar um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta). “Acredito que, com o TAC, será possível melhorar um pouco”.

Denunciados – Os empresários Márcio Sadão Kushida, Cesar Meirelles Paiva, Rubens Pretti Filho, Mauro Victol, Josemar Evangelista Machado, Rogério dos Santos Almeida, Gregório Artidor Linné e Josemar Evangelista Machado foram denunciados no dia 6 deste mês pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul acusados de integrar o cartel montado para controlar o preço e os pontos de revenda do gás de cozinha.

Também foram denunciados a comerciante de gás Daiane Lazzaretti Souza, Diovana Rosseti Pereira, gerente da distribuidora Copagaz em Campo Grande, e Hamilton de Carvalho Rocha, gerente da distribuidora da Ultragaz, também na Capital.

Segundo a denúncia, os empresários do cartel de gás ameaçavam concorrentes para adotarem o preço que o esquema definia. Também sob ameaças, pequenos revendedores eram impedidos de comprar de quem vendia mais barato.

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