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Interior

Vereadores apontam nulidade em eleição da Mesa e prometem manter obstrução

Grupo aliado à chapa com candidatos presos afirma que presidente desrespeita vereadores e o Regimento Interno

Helio de Freitas, de Dourados | 10/12/2018 15:49
Bebeto, Mauricio Lemes, Junior Rodrigues e Silas Zanata durante entrevista coletiva (Foto: Helio de Freitas)
Bebeto, Mauricio Lemes, Junior Rodrigues e Silas Zanata durante entrevista coletiva (Foto: Helio de Freitas)

Vereadores da base governista na Câmara de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, apontam nulidade do processo eleitoral para escolha da Mesa Diretora que vai comandar o Legislativo no biênio 2019-2020.

Em entrevista coletiva nesta tarde, os nove integrantes da tropa de choque da prefeita Délia Razuk (PR) afirmaram que a presidente da Casa Daniela Hall (PSD) provocou a anulação da eleição ao encerrar a sessão extraordinária de domingo (9) sem convocar outra sessão para o dia subsequente, como determina o Regimento Interno.

Participaram os vereadores Júnior Rodrigues (PR) Maurício Lemes Soares (PSB), Alberto Alves dos Santos, o Bebeto (PR), Cido Medeiros (DEM), Romualdo Ramin (PDT), Carlito do Gás (Patriota), Silas Zanata (PPS), Juarez de Oliveira (MDB) e Jânio Miguel (PR).

Segundo um dos líderes do grupo, Mauricio Lemes Soares, esse foi o principal motivo para a obstrução adotada por eles na sessão extraordinária desta segunda-feira (10). Os nove deixaram o plenário, o que provocou o encerramento da sessão por falta de quórum.

Eles também acusam Daniela Hall de desrespeitar os vereadores por se negar na sessão de hoje a acatar a “questão de ordem” apresentada por Mauricio, por Junior Rodrigues e por Bebeto PDT.

“Enquanto ela não aceitar a questão de ordem vamos continuar em obstrução”, afirmou Mauricio Lemes, empossado domingo na vaga de Idenor Machado (PSDB), que está preso.

O grupo insiste em afirmar que Daniela Hall desrespeitou a ordem judicial ao não colocar em discussão na sessão de domingo a substituição dos vereadores presos na chapa “Legislativo Forte”, através da qual os aliados da prefeita tentam assumir o controle da Câmara.

O candidato a presidente na chapa, Pedro Pepa (DEM), e o candidato a segundo-secretário Pastor Cirilo Ramão (MDB) estão presos há cinco dias acusados de corrupção no esquema desvendado pela Operação Cifra Negra, do Ministério Público de Mato Grosso do Sul.

Idenor Machado, o ex-vereador Dirceu Longhi (PT), dois ex-servidores da Câmara e quatro empresários da Capital também estão presos.

O grupo aliado da prefeita tenta substituir Pepa por Bebeto e Cirilo por Jânio Miguel (PR), mas a presidente, seguindo parecer da assessoria jurídica, alega que o prazo para troca de nomes terminou no dia 5.

A Justiça, entretanto, mandou discutir em plenário uma mudança no Regimento Interno para permitir a troca dos nomes, o que não ocorreu na sessão desta segunda-feira.

Para o grupo, coma nulidade da eleição, a Câmara terá de iniciar um novo processo, com prazo para inscrição das chapas. Além da chapa de Pedro Pepa, foi inscrita uma segunda, liderada por Alan Guedes (DEM), que tem o apoio de outros sete vereadores.

Pressionados – Os vereadores aliados de Délia Razuk na Câmara foram para a entrevista coletiva com o objetivo de contrapor a presidente da Casa, mas acabaram “encurralados” por outros assuntos da política douradense.

Um deles foi a tentativa da vereadora Denize Portolann (PR), presa há 40 dias por outro escândalo de corrupção, pedir a revogação da licença de 120 dias. O documento ao qual o Campo Grande News teve acesso foi protocolado nesta segunda-feira na Câmara.

A reportagem apurou que o objetivo é evitar que suplente dela, Lia Nogueira, vote na eleição da Mesa Diretora. Embora filiada ao mesmo partido da prefeita, o PR, Lia mantém posição de independência na Câmara e apoia a chapa de Alan Guedes.

“Não tenho conhecimento sobre esse pedido, por isso não posso me manifestar”, afirmou Junior Rodrigues, que é líder da prefeita na Câmara. Denize está presa no presídio feminino de Rio Brilhante, de onde assinou o documento, no sábado (8).

Filha do ex-secretário – Junior Rodrigues foi questionado também sobre a nomeação em seu gabinete, da filha do ex-secretário de Fazenda João Fava Neto, Inayá Lobo Fava. Até então homem de confiança de Délia Razuk, ele foi preso no dia 31 de outubro na Operação Pregão, a mesma que levou Denize Portolann para a cadeia.

Rodrigues negou favorecimento e disse não ver nada de imoral e ilegal na contratação, apesar de ser líder da prefeita na Câmara e empregar em seu gabinete a filha do então secretário de Fazenda.

“Sou mais um vereador entre os 19 vereadores. Ser líder da prefeita é passageiro. Ela exerceu a função com dignidade”, afirmou.

De acordo com o portal da transparência da Câmara, Inayá Lobo Fava continua como funcionária comissionada ativa, com salário-base de R$ 1.526,91.

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