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Interior

Vereadores presos há uma semana causam impasse na eleição da Câmara

Após Justiça negar substituição de Pedro Pepa e Pastor Cirilo Ramão, disputa pela Mesa Diretora terá dois candidatos presos

Helio de Freitas, de Dourados | 12/12/2018 09:11
Idenor Machado no dia em que foi levado para a penitenciária (Foto: Adilson Domingos)
Idenor Machado no dia em que foi levado para a penitenciária (Foto: Adilson Domingos)

Nesta quarta-feira (12), faz uma semana que três vereadores, um ex-vereador, dois ex-servidores da Câmara e dois empresários campo-grandenses estão presos em Dourados, a 233 km da Capital, acusados de integrar um esquema de fraude em licitações e recebimento de propina em contratos da Câmara Municipal e empresas de tecnologia.

Junto com outras duas empresárias da Capital, em prisão domiciliar, o grupo é investigado na Operação Cifra Negra, deflagrada pelo Ministério de Mato Grosso do Sul e pela Polícia Civil. Todos estão presos preventivamente, ou seja, sem prazo definido.

Dos três vereadores, penas Idenor Machado (PSDB), que presidiu a Câmara por seis anos, pediu afastamento do mandato e foi substituído pelo suplente Mauricio Lemes Soares (PSB).

Ocupando uma cela na PED (Penitenciária Estadual de Dourados), onde também estão Idenor e outros cinco acusados, Pedro Alves de Lima, o Pedro Pepa (DEM), e Pastor Cirilo Ramão (MDB), continuam exercendo o mandato de vereador e vão inclusive receber o salário mensal de R$ 12 mil.

Mas será na eleição da Mesa Diretora o maior constrangimento causado pela prisão dos legisladores. Pedro Pepa é candidato a presidente da Câmara e Cirilo concorre ao cargo de segundo secretário da mesma chapa.

Com a decisão tomada ontem (11) pelo juiz da 6ª Vara Cível de extinguir a ação que pedia a substituição deles pelos vereadores Alberto Alves dos Santos, o Bebeto (PR), e Jânio Miguel (PR) e determinou cumprimento do Regimento Interno da Casa, a eleição da Mesa Diretora da Câmara da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul vai acontecer com dois candidatos presos.

Mesmo atrás das grades, os dois poderão ser votados e existe possibilidade de a chapa de Pedro Pepa ser eleita, já que o grupo representante da base aliada da prefeita Délia Razuk (PR), do qual os dois presos com mandato fazem parte – é maioria no Legislativo.

A presidente a Câmara Daniela Hall (PSD) ainda não informou quando será a sessão extraordinária para a eleição da Mesa. A outra chapa concorrente tem Alan Guedes (DEM) como candidato a presidente. O grupo dele, formado por vereadores de oposição, tem oito votos.

Apesar de ter maioria, a tropa de choque da prefeita pode se dividir na hora da votação. O Campo Grande News teve acesso a uma mensagem distribuída pelo vereador Romualdo Ramim (PDT), destinada a integrantes da Maçonaria em Mato Grosso do Sul, em que ele afirma não votar em candidato preso.

Chefes de quadrilha – O MP acusa Idenor Machado, Pedro Pepa e Pastor Cirilo Ramão de liderar a organização criminosa instalada na Câmara de Dourados. Os três vinham, segundo a denúncia do MP, tentando destruir provas do esquema envolvendo quatro empresas de Campo Grande. Por isso foram presos preventivamente.

Contratadas para atender o Legislativo douradense através de licitações fraudulentas no período em que Idenor presidiu a Câmara (2011 a 2016), as empresas pagavam “mesadas” a vereadores e servidores da Câmara para se manter no negócio. Estima-se que só Idenor recebia pelo menos R$ 20 mil por mês.

Além dos três vereadores está preso o ex-vereador Dirceu Longhi (PT), que foi primeiro-secretário da Mesa Diretora quando Idenor era presidente – é o primeiro secretário que assina os cheques e demais ordens de pagamento.

Também estão recolhidos na PED os ex-servidores da Câmara Amilton Salina e Alexandro Oliveira de Souza, e os empresários campo-grandenses Denis da Maia e Jaison Coutinho. As empresárias Karina Alves de Almeida e Franciele Aparecida Vasum estão em prisão domiciliar, na Capital.

Denis da Maia é dono da Quality Sistemas, Karina é dona da KMD Assessoria Contábil e Planejamento a Municípios, Franciele é dona da Vasum e Jaison Coutinho tem uma empresa que leva seu nome na razão social.

As quatro empresas foram contratadas pela Câmara nos últimos seis anos para prestar serviços de TI (tecnologia da informação). Todos são acusados de peculato, formação de quadrilha, corrupção ativa e corrupção passiva.

Vereador Pedro Pepa, candidato a presidente da Câmara, mesmo preso (Foto: Adilson Domingos)
Vereador Pedro Pepa, candidato a presidente da Câmara, mesmo preso (Foto: Adilson Domingos)
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