“Capricho” de Bernal gerou falta de seringas a medicamentos nos postos
Com a mudança na administração municipal de Campo Grande, os profissionais da saúde, que antes evitavam falar dos problemas encontrados nos postos de saúde, por medo de perseguição ou de sofrerem represálias da antiga gestão, resolveram desabafar. O fato aconteceu durante a prestação de contas da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), realizada na noite desta sexta-feira (20), na Câmara de vereadores.
De acordo com os funcionários, pequenas mudanças implantadas pelo antigo prefeito Alcides Bernal (PP) geraram atrasos em licitações na área da saúde, que culminaram na falta de seringas, tubos de coletas de exame e até medicamentos.
A coordenadora do Laboratório Central Municipal, Beatriz Santini, afirmou que vários processos de licitação foram cancelados na época. “Mandei em julho do ano passado vários pedidos de compra de materiais de uso médico, mas só em setembro foi quando recebi uma resposta da prefeitura dizendo que eu precisava refazer o formulário por que uma normativa havia sido alterada. Foi um absurdo, por que eles demoraram três meses para darem uma resposta, e ainda assim, quando deram falaram que o pedido não tinha sido aprovado. É claro que, desta forma, iria faltar insumos como tubo de coletas e reagentes. O laboratório operou com muita dificuldade no ano passado”, destacou.
Segundo o vereador Paulo Siufi (PMDB), que é presidente da Comissão de Saúde da Casa de Leis, já haviam sido encontradas discrepâncias no relatório apresentado na administração anterior e no que foi afirmado pelo então secretário de Saúde Ivandro Fonseca. “Ele disse categoricamente que não faltaram medicamentos, isso está registrado em ata. Isso é um desrespeito com o funcionalismo público e com a população, que foram os que mais sofreram com as licitações emperradas”, explicou
O vereador classificou os problemas da antiga administração como “herança maldita” para a população campo-grandense. Ele informou ainda que por causa “das maracutaias” apuradas no relatório de prestação de contas da Sesau, apresentado por Ivandro em 2013, e com base nas denúncias nos funcionários da saúde, a Câmara cogita abrir uma CPI da Saúde para apurar as irregularidades apontadas na gestão de Bernal.