Alvo de denúncias de ex-assessor, Odilon será investigado pelo TRF 3
Campo Grande News apurou que denúncias contra juiz e candidato ao governo foram consideradas “graves” no TRF-3
Alvo de acusações de um ex-assessor com quem trabalhou por 22 anos, que serão avaliadas pelo MPF (Ministério Público Federal), o juiz federal aposentado e candidato a governador de Mato Grosso do Sul Odilon de Oliveira (PDT) também entrará na mira da Corregedoria do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região). A informação foi apurada pelo Campo Grande News, embora oficialmente o tribunal não confirme, alegando o sigilo nesse tipo de investigação.
Odilon foi alvo denúncias do ex-chefe de gabinete Jedeão de Oliveira, demitido em 2016 da assessoria do magistrado aposentado na 3ª Vara Federal de Campo Grande, em meio a acusações sobre o desaparecimento de R$ 11 milhões em recursos apreendido de réus. As acusações foram protocoladas em um cartório de Bauru (SP) e entregues ao MPF a fim de fechar acordo de delação em ação contra o ex-servidor.
O MPF rejeitou a tentativa de acordo por não enxergar ali elementos para uma colaboração premiada, porém, confirmou que vai analisar o documento “para verificar a viabilidade de início de investigação”. No documento, Jedeão fez acusações que incluem negociação de sentenças e favorecimentos em decisões.
Mesmo como juiz aposentado, Odilon está sujeito a responder a órgãos de Corregedoria do Judiciário Federal, onde podem ser abertos processos administrativos envolvendo sua conduta como magistrado, sendo arbitradas penalidades em caso de as acusações serem consideradas procedentes após os trâmites internos.
A reportagem consultou o TRF-3 (segunda instância da Justiça Federal de Mato Grosso do Sul), onde obteve a informação de que o assunto causou preocupações e, por esse motivo, deve ser submetido à Corregedoria local. “São acusações genéricas, mas muito graves”, disse um fonte de dentro do tribunal.
Delação – Jedeão procurou o MPF em julho para firmar o acordo de colaboração na ação penal que responde por falsidade ideológica e crimes contra a fé pública. O advogado do ex-servidor foi orientado a procurar o órgão caso haja novos elementos a serem anexados no caso. Diante da apuração e do sigilo do caso, os advogados informaram que não podem se manifestar.
O caso veio à tona, primeiro, em reportagem do jornal Folha de S. Paulo, na qual o ex-assessor fez várias acusações contra Odilon, que passam por venda de sentenças e negociadas para beneficiar traficantes, além de manipulações em processos para majorar números de apreensões. Ele afirma que as acusações de desvio de R$ 11 milhões partiram de investigação patrocinada pelo ex-chefe.
Em notas distribuídas entre quarta e quinta-feira, Odilon, afirmou que as acusações têm motivação política por conta de sua candidatura, que representa “ameaça para quem deseja se manter no poder”. Ele ainda confirmou que o inquérito da Polícia Federal contra Jedeão foi aberto a seu pedido.
Nesta quinta, Odilon informou ter solicitado à PF que apure os fatos apontados pelo ex-assessor.
“Depois de dois anos que o ex-servidor foi exonerado só agora, a dois dias do início do programa eleitoral no rádio e na televisão ele vem distribuir as informações à imprensa. A pedido ou a mando de quem”, questionou ele, em entrevista a uma rádio de Três Lagoas. Ele informou que, assim que voltar à Capital, vai requerer que a Polícia Federal apure cada item citado na delação, “com a independência que sempre teve”.
“Os supostos delitos de que me acusam teriam sido praticados no exercício do meu cargo de juiz federal, contra interesses da União. Logo, as investigações devem ser feitas pelo Polícia Federal”, afirmou.