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Política

Deputado apresenta atestado médico à Câmara e viaja à Itália com amante

Em 2019, Loester se afastou para tratar da saúde, mas usou parte da licença viajando ao exterior com assessora

MS em Brasília | 21/06/2021 13:58
Deputado Loester Trutis e a então assessora na época da viagem e atual mulher, Raquelle Lisboa (Fotos: Reprodução)
Deputado Loester Trutis e a então assessora na época da viagem e atual mulher, Raquelle Lisboa (Fotos: Reprodução)

O deputado federal Loester Carlos de Souza (PSL-MS), o Trutis, apresentou atestado médico à Câmara dos Deputados, mas viajou no período de licença para a Itália com a então assessora parlamentar e atual esposa, Raquelle Lisboa Alves.

O caso, que ocorreu em setembro de 2019, é uma mistura de esperteza, traição e tentativa de confundir os registros de frequência da Casa. Na época, Trutis estava casado com a médica veterinária Reni Ayardes de Melo, com quem tem três filhos.

Dados e informações sobre a viagem do parlamentar à Itália foram obtidos com exclusividade pelo MS em Brasília a partir de apurações feitas junto à Câmara e a pessoas próximas a Trutis e ao antigo casal em Brasília e Campo Grande.

O dolce far niente de Trutis com a amante pela Itália, conforme registro do site, começou em 11 de setembro de 2019, quando ele faltou à sessão da Câmara. Segundo a Casa, o deputado esteve em “licença para tratamento de saúde” de 11 a 19 de setembro.

No dia 12, no entanto, a “licença para tratamento de saúde” desaparece. A Câmara registrou “ausência” e descontou o valor da falta, de R$1.241,29, na folha de outubro de 2019.

No dia 13, Trutis gravou um vídeo (ver abaixo) em frente ao Coliseu em Roma e o encaminhou para os filhos, cujos nomes foram silenciados para não expor a identidade deles.



“Em setembro de 2019, houve apenas uma falta injustificada no dia 12, cujo valor de R$ 1.241,29 foi descontado em outubro. As demais ausências do deputado em setembro foram por motivo de Licença para Tratamento de Saúde, devidamente justificadas com atestado médico”, esclarece a Câmara ao MS em Brasília.

Em relação às eventuais faltas de Raquelle em setembro de 2019 para viajar à Itália, a frequência do secretário parlamentar, cargo que ela ocupava na ocasião, era controlada pelo gabinete do deputado.

O mês do casal terminou em 24 de setembro, quando ambos viajaram para Recife. Dessa vez com passagens pagas pela Câmara dos Deputados. O trecho entre Brasília/Recife/Brasília custou R$ 2.726,64 aos cofres públicos.

Loester e Raquelle: dolce far niente
Loester e Raquelle: dolce far niente

Não houve viagem em “missão oficial” nesse dia, segundo pesquisa feita no Portal Transparência da Casa, o que torna ilegal o uso de passagens áreas com dinheiro da Câmara.

Outro lado - O MS em Brasília procurou Loester Trutis, que admitiu ter viajado dia 12 e não dia 11, mas nega que tenha usado a licença. “Fui atendido no Serviço Médico da Câmara com problema na mão, no final do dia 11. Tive três dias de licença. Viajei dia 12 e voltei dia 15. Dia 16, participei da Comissão de Ciência e Tecnologia”, afirmou.

Procurada, a Comissão informou, por meio de servidores, que não houve atividades em 16 de setembro de 2019.

O site fez novas perguntas a Trutis, como o fato de ele afirmar que teve apenas três dias de licença, quando a Casa registra “licença para tratamento de saúde” entre 11 e 19 de setembro (ver imagens abaixo). O deputado mandou ler as respostas anteriores dele.

A ex-assessora Raquelle Lisboa Alves também foi procurada no mesmo dia e horário de Loester Trutis, mas não respondeu aos questionamentos do MS em Brasília.

Confusões - Desde que tomou posse, em fevereiro de 2019, Loester Trutis tem-se envolvido em uma série de confusões. A mais grave ocorreu em 16 de fevereiro de 2020. Trutis teria sofrido tentativa de assassinato quando viajava de Campo Grande para Sidrolândia.

Semana passada, a Polícia Federal encaminhou novos elementos ao Supremo Tribunal Federal em que reforça as acusações de que o deputado forjou o próprio atentado. Trutis deve responder por falsa comunicação de crime, dano, disparo e porte ilegal de arma de fogo.

Veja os registros sobre o afastamento do deputado em 2019:

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