ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUINTA  21    CAMPO GRANDE 27º

Política

Investigação identificou 32 episódios de corrupção contra Puccinelli

MPF detalha rota do dinheiro da JBS para pagamento de propinas

Aline dos Santos | 03/08/2018 21:07
André Puccinelli está detido desde o último dia 20 de julho no Centro de Triagem Anizio Teixeira. (Foto: Arquivo)
André Puccinelli está detido desde o último dia 20 de julho no Centro de Triagem Anizio Teixeira. (Foto: Arquivo)

Preso há duas semanas, o ex-governador André Puccinelli (MDB) foi denunciado à Justiça Federal por incorrer, por 32 vezes, em crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

“Na condição de Governador do Estado de Mato Grosso do Sul, entre os anos de 2007 e 2015, por pelo menos 32 vezes, livre e conscientemente, no comando do esquema criminoso acima descrito, aceitou receber para si e para outrem, direta e indiretamente, em razão de seu cargo publico, vantagens ilícitas pagas pela JBS”, informa o MPF (Ministério Público Federal).

O processo a que o Campo Grande News teve acesso segue em segredo de justiça. A denúnciaa é decorrente da operação Lama Asfáltica, força-tarefa da PF (Polícia Federal), CGU (Controladoria Geral da União) e Receita Federal. Conforme o documento, a fonte pagadora é a JBS (gigante do ramo de alimentos), num acerto de trocar incentivos fiscais por propina. 

A denúncia traz depoimentos de Joesley e Wesley Batista, que ganharam projeção na delação premiada da Lava Jato, além de ex-executivos da empresa. Eles esclareceram itens da tabela de controle do pagamento e quem eram os interlocutores.

Segundo o MPF, o roteiro do dinheiro incluía doação oficial para a campanha, entrega de alta quantia de valores em espécie e expressivo depósitos a título de “pagamento” a notas fiscais emitidas, mas sem prestação de serviço, a popular nota fria.

A denúncia aponta oito empresas indicadas pelo então governador: Proteco Construções Ltda, Instituto Ícone de Ensino Jurídica Ltda, Gráfica Editora Alvorada Ltda, Gráfica Jafar Ltda, PSG Tecnologia Aplicada Ltda, Itel Informática Ltda, Mil Tec Tecnologia da Informática Ltda ME e Congeo Construção e Comércio Ltda EPP.

A Proteco surge na denúncia com quatro notas frias, que totalizaram R$ 9,5 milhões. A empresa é de João Amorim, que também está preso. Para o Instituto Ícone, foram quatro notas frias, com valor de R$ 1,3 milhão. Segundo a força-tarefa, o Ícone é de André Puccinelli Júnior, filho do ex-governador, apesar de oficialmente ter como proprietário o advogado João Paulo Calves. Os dois também foram presos em 20 de julho pela PF.

A Gráfica Editora Alvorada aparece com oito notas frias, no total de R$ 2.862.084,95. A Gráfica Jafar contabiliza três notas fiscais frias, que totalizam R$ 3,9 milhões. As empresas de informática Itel e Mil Tec aparecem com notas frias com valores, respectivamente, de R$ 650 mil e R$ 350 mil.

Já João Roberto Baird, então responsável pelas empresas, é citado por receber R$ 2 milhões em espécie. A denúncia aponta o valor de R$ 3,7 milhões para Antônio Celso Cortes. Para a empresa Congeo R$ 2 milhões. O Ministério Público Federal estima um prejuízo de R$ 153 milhões no valor a ser ressarcido por Puccinelli, montante que aumenta a R$ 327 milhões quando se soma os doze denunciados.

Denunciados

André Puccinelli; André Luiz Cance ; João Amorim, dono da Proteco; Elza Cristina, também ligada a Proteco; André Puccinelli Junior, apontado como dono do Instituto Ícone; João Paulo Calves, que seria “testa de ferro” de Puccinelli Junior; Jodascil Gonçalves Lopes, Micherd Jafar Junior, dono da Gráfica Alvorada; João Roberto Baird, conhecido como o Bill Gates pantaneiro; Antônio Celso Cortes e Ivanildo Miranda, empresário e delator da Lama Asfáltica.

Defesa

André Borges, advogado de João Paulo Calves, informa que “denúncia não traz grandes novidades quando comparada com fundamentos da atual ordem de prisão; tudo o que está nela será enfrentado com clareza e firmeza. São inúmeras as provas que temos; acusação é exagerada e fundada em suposições inconsistentes”.

Nos siga no Google Notícias

Veja Também