No porão, vice-prefeito diz que tem “vergonha” da gestão de Bernal
O vice-prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP), confessou esta tarde, em entrevista ao Campo Grande News, que está envergonhado quanto à atuação do prefeito Alcides Bernal (PP). “Hoje eu tenho vergonha do que prometi em nome do Bernal nas reuniões”, afirmou Olarte, no Mercado Ki Frutas, na Rua Pedro Celestino, onde fazia compras.
Esse sentimento, segundo Olarte, decorre da não implementação de propostas apresentadas durante a campanha eleitoral do ano passado, como a que previa fim das filas nos postos de saúde com agendamento de consultas pela internet.
Olarte se disse tocado pela morte do menino Heber Caio Romero, de 8 anos, por falta de socorro, com a família responsabilizando o Samu. “Nessa questão da saúde eu faria de forma diferente, se estivesse na prefeitura. Faria um pacto com todos os partidos porque Campo Grande tem de estar à frente de tudo”, declarou.
Jogado num “porão” – As relações entre o prefeito Alcides Bernal e o vice Gilmar Olarte, que nunca foram boas desde o início da gestão progressista, se agravaram muito no começo deste ano, inclusive com tentativa da direção estadual do PP (presidido pelo prefeito) de expulsar o ex-vereador. “Em fevereiro do ano passado, tive a última conversa com Bernal”, confessou Olarte.
O distanciamento político se transformou em físico no começo deste ano, com a mudança do local onde fica o vice-prefeito. “Me tirou do gabinete e me colocou em um porão, onde ficam os projetos do Bird (Banco Interamericano de Desenvolvimento)”, contou.
Questionado se os eleitores o cobram sobre as promessas de campanha, feitas junto com Bernal, o vice-prefeito garante que há hoje uma compreensão generalizada de que o prefeito não lhe deu chance de trabalhar pela cidade. “O meu eleitorado não me questiona. Diz: sinto dó, estou orando pelo senhor”.
Julgamento de Bernal – Gilmar Olarte continua evitando comentar sobre o julgamento do prefeito Alcides Bernal pela Câmara de Campo Grande, que marcou nova sessão para a próxima quarta-feira (12). “Prefiro não falar sobre isso, prefiro ficar quieto. Qualquer coisa que eu falar neste momento, vai se voltar contra mim”, justificou.
Admitiu, porém, que Bernal vem tendo sucesso em aumentar a base de apoio na Câmara de Campo Grande, o que pode acabar barrando a cassação. Instado a responder sobre o aumento da bancada de apoio na Câmara, ele respondeu: “Então tudo leva a crer que ele vai se safar”.
Expulsão do PP – Tendo assegurado provisoriamente a continuidade no PP, através de decisão judicial que suspendeu o processo de expulsão gestado pela direção regional do partido, Gilmar Olarte afirmou que sua relação partidária continua a mesma.”Já fiz o que deveria ter feito. Quem manda é Brasília. Aqui é direção regional provisória”, disse.
Olarte ainda não decidiu se será candidato nas eleições deste ano, embora acredite que terá apoio nacional caso resolva disputar o pleito. “Hoje o partido, a nível nacional, me garante candidatura”, assegurou. Antes do rompimento com Bernal, chegou a admitir a possibilidade de tentar vaga de deputado federal.