Após 15 julgamentos, serial killer Nando acumula 175 anos de pena
Em junho de 2018, Nando começou a ser julgado por uma série de assassinatos, todos descobertos no final de 2016
Após um ano e sete meses de rotina de júris marcada por escândalos, gritos e choro, chegam ao fim os julgamentos de Luiz Alves Martins Filho, o Nando, considerado o pior serial killer de Mato Grosso do Sul, com penas somadas em mais de 175 anos de prisão. Nesta sexta-feira, 13 de março, ele foi condenado pelo último assassinato levado à justiça, o de Eduardo Dias Lima, adolescente de 15 anos.
Em junho de 2018, Nando começou a ser julgado por série de assassinatos, todos descobertos no final de 2016 através de uma investigação em conjunto entre Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventudes) e DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio).
Foi constatada então a ação de um “grupo de extermínio” liderado por Nando e responsável pela morte de pelo menos 16 pessoas do Bairro Danúbio Azul. Os alvos eram obrigatoriamente envolvidos com consumo de drogas e inseridos em contexto de vulnerabilidade social.
A investigação levou as equipes até um “cemitério clandestino” no Jardim Veraneio, local que era usado pelo grupo para matar e enterrar os corpos.
Todas as vítimas eram estranguladas com uma correia de máquina de lavar roupa e deixadas de cabeça para baixo em covas feitas pelos suspeitos. Foram dias de escavação na área e vários corpos encontrados.
Confissão - Preso, Nando apontou o local em que enterrou várias vítimas, deu detalhes dos casos, confessou os assassinatos e se intitulou “justiceiro” do bairro, afirmando que matava apenas quem cometia furtos e roubos na região. Ao ser levado ao tribunal, mudou completamente os depoimentos.
Nos quinze julgamentos, alegou que foi torturado na delegacia para confessar os crimes e atribuiu os assassinatos ao ex-amante, conhecido como Vasco.
Durante os primeiros depoimentos, Nando passava por tratamento de tuberculose e por isso falou por videoconferência. Quando começou ir até plenário do Tribunal do Júri, protagonizou escândalos, surtos e gritos. Por conta da agressividade, voltou a acompanhar seu próprio julgamento do presídio e em seu último júri falou, mais uma vez, por videoconferência.
Eduardo, tinha 15 anos quando foi assassinado, em dezembro de 2015. O crime, segundo o Ministério Público, aconteceu depois que o menino furtou a casa de Nando, por vingança. Em agosto do ano passado, Nando e Michel foram levados ao plenário para serem julgados pelo assassinato, mas após um surto, o serial killer precisou para o posto de saúde.
O julgamento continuou mesmo sem Nando, que já tinha prestado depoimento, mas precisou ser interrompido e cancelado depois que o promotor Douglas Oldegardo Cavalheiro dos Santos desmaiou no plenário e foi socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Nesta sexta-feira o final foi diferente. Sem a presença do serial killer os jurados condenaram os dois réus por homicídio qualificado por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima e também por ocultação de cadáver. Para Nando, o juiz Aluízio Pereira dos Santos determinou pena de 15 anos e 10 dias-multas pelos dois crimes. Para Michel, 13 anos e 10 dias-multa.
Em entrevista ao Campo Grande News, o juiz lembra como o processo foi “extremamente cansativo” para todos os envolvidos. “Um caso como esse nunca aconteceu em Campo Grande. Nunca pensamos que pudesse ocorrer algo assim aqui. Foram 15 júris concluídos hoje”. Destaca ainda que cada caso contou com uma banca de jurados, cerca de 100 pessoas diferentes, que na maioria das vezes, consideraram o réu culpado. “Significa que estamos no caminho certo”.