Empresa de "PX" é suspeita de comprar dados sigilosos sobre motoristas multados
Paulo Xavier foi preso em flagrante com munição de pistola 9 mm, e vai passar por audiência de custódia hoje
O ex-capitão da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) Paulo Roberto Teixeira Xavier deve passar ainda hoje por audiência de custódia em Maringá (PR), depois de ser preso em flagrante por porte ilegal de munições e carregador de pistola 9 milímetros.
O flagrante aconteceu a Operação Money Poup, que investiga, entre outros envolvidos, a participação de empresa do ex-PM no esquema de obtenção de informações sigilosas sobre condutores multados ou com outro embaraço no Detran-PR (Departamento Estadual de Trânsito) do Paraná. Os dados eram repassados por servidores da 86ª Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) com sede em Sarandi.
“PX”, como é conhecido em MS, foi preso em casa, em Sarandi, durante cumprimento de um dos 37 mandados judiciais deflagrados na Operação Money Poup, em Maringá, Sarandi e Santa Fé.
No caso de Paulo Xavier, a 2ª Vara Criminal de Maringá havia expedido mandado de monitoramento por tornozeleira eletrônica, mas a prisão ocorreu por conta de “pequena quantidade de munições e carregador de pistola 9 milímetros”, segundo apuração do Campo Grande News. O ex-PM está na 9ª SDP Maringá, onde permanece sob custódia.
A operação investiga crimes de associação criminosa, corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, falsificação de documento público e lavagem de bens, direitos e valores.
O promotor de Justiça Marcelo Alessandro Gobbato, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPPR (Ministério Público do Paraná), disse que não poderia falar de forma individualizada sobre os investigados e que as apurações sobre as condutas ainda estão em andamento.
Porém, disse que a operação tinha como alvo cinco pessoas jurídicas e sete pessoas físicas que estariam envolvidas no esquema de venda de informações privilegiadas. O montante levantando pelos investigados no esquema ainda está sendo contabilizado, segundo o promotor.
Conforme informações do Gaeco, a investigação começou em março de 2023, quando o grupo recebeu informações do esquema por parte de servidores do Detran-PR em favor de um despachante. A partir daí, foram identificados outros envolvidos.
A reportagem apurou que a empresa Poup Tempo Consultoria de Trânsito Ltda estaria na lista e receberia as informações de servidores da Ciretran. Aberta em 29 de agosto de 2022 por PX, tem capital social de R$ 100 mil e como atividade a “preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo não especificados anteriormente”.
Com acesso a dados de condutores de veículos, os servidores vendiam as informações para despachantes, duas clínicas de exames toxicológicos e uma empresa de placas. Há suspeita de que algumas empresas foram criadas pelos próprios servidores investigados.
Um dos exemplos de uso dessas informações, por exemplo, é de um condutor que tenha sido multado. A pessoa tinha seus dados pessoais e sigilosos compartilhados do banco de dados do Detran a um despachante, como seria o caso do "PX", que ligava para o multado, oferecendo serviços para se livrar das autuações administrativas.
A reportagem entrou em contato com Deppen (Departamento de Polícia Penal/PR), sobre audiência de custódia de PX e se ele já tem advogado constituído, mas foi informada que esse tipo de dado não é divulgada “por questões de segurança”.
Paulo Roberto Teixeira Xavier deixou MS após a morte do filho, Matheus Coutinho Xavier, em 2019. A execução do rapaz foi o fio condutor da Operação Omertà, que investigou a ação de milícia comandada por Jamil Name e Jamil Name Filho. "Jamilzinho" foi condenado pela morte de Matheus, em julgamento ocorrido em julho do ano passado.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Paulo Xavier.
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