Mãe de menina assassinada fica frente a frente com 5 testemunhas de acusação
Stephanie de Jesus se encontra, pela 1ª vez desde a morte da filha, com o pai da menina, convocado para depor
Stephanie de Jesus da Silva, 24 anos, presa desde 26 de janeiro, sob acusação de estar envolvida no assassinato da filha, uma garotinha de 2 anos, está no Fórum de Campo Grande para acompanhar os depoimentos de cinco testemunha convocadas pela acusação, nas primeiras audiências de instrução e julgamento do processo. A jovem deixou presídio do interior escoltada e entrou no prédio por acesso restrito, direto para um dos plenários do Tribunal do Júri, onde serão ouvidas as testemunhas.
Diante da grande repercussão do caso, o juiz Carlos Alberto Garcete precisou armar esquema especial, transferindo a tarde de audiências para espaço maior que a sala da 1ª Vara do Tribunal do Júri. Como o processo corre em sigilo, foi informado previamente que não será permitido fazer imagens no plenário, por exemplo. Para garantir que a regra seja cumprida, a segurança proibiu o uso de celulares.
Além de Stephanie, o padrasto da criança Christian Campoçano Leitheim, de 25 anos, responde ao processo por homicídio com três situações que em caso de condenação, fazem a pena aumentar – quando a vítima é menor de 14 anos e, ainda, por motivo fútil e emprego de meio cruel. Ele é acusado de espancar a criança até a morte e também de estuprar a enteada.
O réu também pode acompanhar os depoimentos, se quiser. A defesa dele, contudo, não quis confirmar se ele foi transferido de penitenciária para o Fórum, nesta tarde.
Stephanie fica frente a frente, pela primeira vez desde a morte da filha, com cinco pessoas, na tarde desta segunda-feira (17): o investigador de polícia, Babington Roberto Vieira da Costa; o pai biológico da criança, Jean Carlos Ocampo da Rosa; o pai dela e a mãe dela, Rogério da Silva e Delziene da Silva de Jesus (avós maternos da criança); e a ex-mulher do padrasto da vítima*.
Ao chegarem no saguão do acesso aos plenários, o pai da vítima e a ex-namorada do padrasto acusado de assassinato se cumprimentaram emocionados. Jean Carlos está acompanhado do marido, Igor de Andrade Silva Trindade, de outros parentes e da advogada. Ele preferiu não falar com a imprensa, por enquanto.
Marcadas para iniciar às 15h, as audiências ainda não começaram.
O caso – No dia 26 de janeiro deste ano, a menina de dois anos e sete meses deu entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica apontou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes de chegar ao local.
O atestado de óbito apontou que a menininha sofreu lesão na coluna cervical. Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que também já havi sofrido violência sexual.
O padrasto responde pelo homicídio com as três qualificadoras e pelo estupro, já a mãe da menina pelo homicídio, como o Christian, mesmo que não tenha agredido a filha, mas porque no entendimento do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), responsável pela acusação, ela se omitiu do dever de cuidar.
A morte jogou luz sob processo lento e longo que a menina protagonizou com idas frequentes à unidade de saúde – mais de 30 em 2 anos –, tentativa do pai em obter a guarda após suspeita de que a criança era vítima de agressão e provocou série de audiências públicas, protestos e mobilização para criação da Casa da Criança, bem como soluções ao falho sistema de proteção à criança e ao adolescente em todo o Brasil.
(*) O nome da ex-mulher de Christian foi preservado para evitar a identificação do filho do casal, como prevê o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).