“Me respeita”: testemunha ouviu gritaria antes de PM atirar em empresário
Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, foi morto com três tiros, dois no rosto
Antes dos três disparos que mataram Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, gritaria na sala de conciliação ao lado chamou a atenção de servidor do Procon. “Me respeita. Você me respeita! Tá pensando que tá falando com quem?”, disse homem aos berros. Foi o que conciliador, ouvido na tarde desta segunda-feira (3), consegue se lembrar sobre o assassinato que testemunhou no fim da manhã daquele 13 de fevereiro.
O funcionário conduzia os trabalhos em sala ao lado de onde acontecia audiência entre Caetano e o policial militar reformado, José Roberto de Souza, de 53 anos, o acusado de assassinato. Além desta testemunha, outro da Secretaria-Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor de Mato Grosso do Sul prestou depoimento na tarde de hoje.
Na primeira audiência de instrução do processo que julgará a morte de Caetano, o conciliador, que terá o nome preservado, se recordou que chegou a atender a um pedido de ajuda da colega, que mediava o conflito entre vítima e atirador.
“Na sexta-feira [encontro anterior entre as partes], estava tendo uma animosidade. Dava para ouvir que os ânimos estavam exaltados. Na segunda-feira, aconteceu a mesma animosidade. A colega chegou a fazer um gesto com a mão para eu ir até a sala dela. Fui lá e pedi para os senhores se acalmarem porque eles estavam atrapalhando a sala ao lado. Quando voltei para a minha sala, eu consegui ver o primeiro disparo. Depois, eu só ouvi e pedi para meninas que estavam na sala comigo se abaixarem. Aí só deu pra ouvir mesmo”, narrou.
A conciliadora que assistiu a tudo não foi ouvida nesta segunda-feira (3). Ela deixou o Procon depois do trauma, sendo transferida para outra secretaria. A informação é que a servidora está de licença médica.
Também nesta tarde, um investigador da Polícia Civil deu detalhes sobre o caso. A próxima audiência, quando também o réu deve ser interrogado, foi marcada para o dia 25 de agosto.
O crime – Na manhã de 13 de fevereiro, no Procon, localizado na Rua 13 de Junho, Centro de Campo Grande, o empresário Antônio Caetano de Carvalho, 67, foi morto com dois tiros no rosto e um terceiro na nuca. Ele e o PM reformado discutiam débito de R$ 630 e problemas no serviço prestado por Caetano no motor de uma Toyota SW4 que pertencia ao PM reformado.
José Roberto fugiu a pé e só foi preso em 16 de fevereiro, quando se apresentou na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande.