Uma semana depois, famílias respiram mais tranquilas com crianças vacinadas
Campanha de vacinação infantil foi “lançada” no sábado passado em Campo Grande
“Chegaram da vacinação e ficaram correndo. Não aconteceu nada de reação, agora está tudo na paz. Estamos mais tranquilos”. Avó de dois meninos que foram vacinados no sábado passado (15) durante o lançamento da imunização contra covid-19 para crianças entre 5 e 11 anos, Idelcina Francisca da Silva, de 64 anos, conta que agora o coração está menos pesado.
Moradora da comunidade quilombola Tia Eva, Idelcina explica que chegou a pensar que os netos poderiam ter algum tipo de reação à vacina, mas brinca que a impressão foi que ficaram ainda mais cheios de energia. “Graças a Deus não tiveram nada. Eles correram o dia inteiro, falei até para parar porque o braço ia doer, mas não aconteceu nada”, explica.
Na comunidade, longe de movimentos contra a vacinação, os relatos são parecidos com o de Idelcina, que não se arrependeram da imunização. Publicada no Diário Oficial do dia 14 deste mês, resolução da SES (Secretaria de Estado de Saúde) sobre a vacinação de crianças contra covid-19 reforçou decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) que enquadram quilombolas e indígenas no quadro prioritário para enfrentamento à doença. Por isso, crianças de 5 a 11 anos dos grupos foram priorizadas.
Mãe de Nicolas e Enzo, Neide Martins, de 44 anos, relata que a vacinação tirou um pouco do medo causado pela pandemia, mas que ainda é necessário manter cuidados. “Estamos um pouco mais tranquilos, não ficamos completamente sem medo porque o perigo ainda está aí”.
Ao lado de Neide, seu irmão Antônio Marcos Ferreira Martins, de 49 anos, explica que a família mora no mesmo terreno. Com isso, são quatro casas dividindo o espaço. “Aqui temos o Vitor, Mateus e Enzo de 10 anos, além do Nicolas de 5. Todos meus sobrinhos”.
Para o jardineiro, a vacina não traz pontos negativos, muito pelo contrário, apenas alívio. “Melhora sim com a vacina porque não temos como separar as crianças, só aqui são quatro casas e é família, então a imunização melhora o convívio para a gente”, relata.
Ainda de acordo com Antônio, todos os pequenos não têm contato com pessoas de fora da comunidade, mas devido aos adultos trabalharem a preocupação estava sendo sentida.
A gente sai para trabalhar, vai para um canto, vai para outro e agora eles ficam protegidos. Ficamos ansiosos para ter logo para eles, a gente sabe que as crianças são mais resistentes, mas ainda sim agora estamos mais tranquilos, diz Antônio.
Membro da Associação da Comunidade Tia Eva, Vânia Lúcia Baptista Duarte, de 46 anos, também acompanhou a vacinação do neto na semana passada. Para ela, um dos pontos a ser destacado é o fato da comunidade ser tradicional e, com isso, existir uma proximidade muito grande como a relatada por Antônio.
Dá uma sensação boa ter a vacinação. Muitas pessoas de fora não entendem que nós somos comunidade tradicional, nós ficamos muito juntos e as pessoas acabam trabalhando nos mesmos lugares. Então se uma pessoa é contaminada, as outras também são, explica.
De acordo com Vânia, a comunidade faz parte das áreas que tiveram aumento nos casos durante o último mês e, por isso, a imunização das crianças veio como o alívio que faltava. “Infelizmente muitos adultos foram contaminados, mas graças à vacinação ninguém ficou internado. Por isso, a maioria dos pais levou as crianças para serem vacinadas e não tivemos nenhuma notícia de alguma que tenha ficado mal”.
Vacinação infantil - Em Mato Grosso do Sul, a vacinação de crianças leva em conta a decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), de 16 de dezembro de 2021, que autorizou a vacinação desse público. Também foram acatados os posicionamentos do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunizações da covid-19.
Todas as crianças que forem se imunizar devem estar acompanhadas dos responsáveis, caso não seja possível, deve ser apresentado um termo de consentimento por escrito.