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Interior

Famílias desabrigadas tentam sem sucesso voltar para casa

Osvaldo Júnior e Geyse Garnes | 23/02/2018 16:22
Casas de Aquidauana estão ainda inundadas, mesmo com redução do nível do rio (Foto: Saul Schramm)
Casas de Aquidauana estão ainda inundadas, mesmo com redução do nível do rio (Foto: Saul Schramm)

Depois de três dias da chuva torrencial de terça-feira (20), a maior em sete anos, moradores de Aquidauana tentam, mas não conseguem voltar para a casa. Ainda há número estimado de 50 famílias nos três abrigos do município. O nível do rio está mais baixo, o dia ensolarado, mas ainda há muitas moradias inundadas.

Antônio Clementino, 52 anos, conseguiu chegar a algumas quadras de sua casa, na rua Leona de Matos. Ele notou que a água está mais baixa, mas ainda há muito do que foi a enchente de três dias atrás. “Eu queria ver se conseguia pegar alguns documentos que deixei pra trás, mas não vai dar não”, disse, desolado.

Na terça-feira, Antônio e sua família foram acordados pela água da chuva que invadia a casa. “Pegou todo mundo de surpresa. Não deu tempo pra nada, foi tudo muito rápido”, contou, enquanto olhava ao longe sua casa, no bairro Guanandi, um dos locais que mais sofreram com a tempestade.

Ao lado de Antônio, estava seu xará. Com 83 anos, Antônio Miguel tinha o mesmo propósito do vizinho: verificar a situação de sua casa. No entanto, só pôde contemplá-la à distância.

A vantagem de Miguel é que ele é precavido. “Eu conheço o rio. Por isso, construí um sótão, porque sabia que isso [o rio transbordar e as casas serem inundadas] ia acontecer a qualquer momento. Quando a chuva começou, consegui colocar muita coisa no sótão”, afirmou.

Antônio Clementino e Antônio Miguel estão entre os que tentaram, mas não conseguiram voltar para casa (Foto: Saul Schramm)
Antônio Clementino e Antônio Miguel estão entre os que tentaram, mas não conseguiram voltar para casa (Foto: Saul Schramm)
Eliane, ao lado do poodle Jack, e vizinhas, ao fundo. Elas não conseguiram voltaram a suas casas, mas não conseguiram ficar (Foto: Saul Schramm)
Eliane, ao lado do poodle Jack, e vizinhas, ao fundo. Elas não conseguiram voltaram a suas casas, mas não conseguiram ficar (Foto: Saul Schramm)

Entre as pessoas abrigadas, estão as vizinhas Eliana Lareia, 51 anos, e Bruna Aguile, 35. De acordo com elas, ainda não há condições de retomarem a rotina.

“Eu fui em casa e vi que a água está ainda muito alta. Bate na altura do pescoço”, detalhou Eliana. “Minha cama está debaixo d'água”, disse a vizinha.

Enquanto aguardam a situação normalizar, as duas buscam se distrair com o Jack, o poodle de Eliane. “Ele é o xodó aqui do abrigo”, afirmou.

Há quem aproveita para pescar na porta de casa (Foto: Saul Schramm)
Há quem aproveita para pescar na porta de casa (Foto: Saul Schramm)

De acordo com Mário Ravaglia, da Defesa Civil, há 381 pessoas desalojadas e, nos abrigos, cerca de 50 famílias. Ele informou, ainda, que o nível do rio já baixou 9,18 metros e as duas pontes foram liberadas. “No entanto, ainda não há previsão para que todos voltem com segurança para casa”, ponderou.

A situação ainda não está normalizada: há muitas casas alagadas e pessoas, desabrigadas. Mesmo assim, há moradores que tentam encontrar alguma vantagem dessa adversidade, como um homem que tenta a sorte com a pescaria na porta de casa.

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