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Meio Ambiente

Para lago não morrer como outros, grupo convoca 'abração' em parque

Assoreamento no Parque das Nações Indígenas já foi alvo de protesto estampado na areia nesta semana

Mayara Bueno e Liniker Ribeiro | 06/03/2019 17:10
Registro do banco de areia formado no lago do Parque das Nações Indígenas. (Foto: Alfredo Sulzer/Arquivo).
Registro do banco de areia formado no lago do Parque das Nações Indígenas. (Foto: Alfredo Sulzer/Arquivo).

“É triste”. O relato breve é sobre a situação do lago do Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande. O banco de areia formado pelo assoreamento está cada vez maior e motivou a criação de um movimento para chamar a atenção do Poder Público. Um “abração” no lago foi marcado para o dia 17 de março, às 17 horas. Além do protesto, no começo desta semana, uma frase estampada na areia resumiu o sentimento: "vergonha".

Alfredo Sulzer, economista, é um dos idealizadores e quem define a situação constatada durante uma corrida no parque, há duas semanas. “É triste, é uma falta de respeito, um lugar lindo da nossa cidade, chega lá e o lago daquele jeito. A impressão é ruim e de abandono”, relata.

Para ele, o desleixo com o cartão postal de Campo Grande é “indesculpável” e expõe problemas anteriores. “Há cinco anos, não tinha nem banheiro. Eles acham que cortar grama é suficiente, mas tem tanta coisa para se fazer”.

O economista lembra de 1970, quando fez parte de um movimento para impedir a instalação de uma usina de álcool na Bacia do Rio Paraguai. Citou como exemplo de ato capaz de fazer com que os órgãos públicos se mobilizem.

No dia 17 de março, às 17 horas, os manifestantes vão fazer uma espécie de cordão humano, para simbolizar o abraço no lago do Parque das Nações Indígenas. “Mostrar que estamos tristes vendo aquilo, esse é o sentido da mensagem. Nós estamos convocando as pessoas para irem ao ato”, diz Alfredo ao ressaltar que o objetivo é também educar e mostrar para as pessoas a importância de lutar pelo que é público.

Do outro lado da ponte, areia onde antes era lago. (Foto: Alfredo Sulzer/Arquivo).
Do outro lado da ponte, areia onde antes era lago. (Foto: Alfredo Sulzer/Arquivo).

"Repetindo o passado" – Para o engenheiro Jary Castro, a situação no Parque das Nações Indígenas já aconteceu em outros pontos, o que chama ainda mais atenção para o descuido. “Passei pelo lago do Rádio Clube durante a folga do Carnaval e o processo ali foi o mesmo [do parque]. Agora não existe mais lago no clube que passei a vida. Precisamos tomar alguma providência no Parque das Nações Indígenas para não acontecer o mesmo”. 

Atualmente, Jary vive em Brasília, mas presidiu o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso do Sul) quando parte do viaduto da Rua Ceará sobre a Avenida Ricardo Brandão caiu em decorrência de uma forte chuva. Na ocasião, o engenheiro alertou a Prefeitura de Campo Grande para a necessidade de um Plano Diretor de Drenagem. “Ela não apresentou e isso desencadeou o que estamos vendo”.

A solução para o lago do parque, segundo o profissional, teria de ser completa, pensando na drenagem. Se for medida paliativa, a situação pode até ser amenizada, contudo, na primeira grande chuva, o problema vai se repetir.

O casal Gisele e Vitor com o filho recém-nascido no parque. (Foto: Liniker Ribeiro).
O casal Gisele e Vitor com o filho recém-nascido no parque. (Foto: Liniker Ribeiro).
Banco de areia com escritas de nomes, além do "#vergonha". (Foto: Liniker Ribeiro).
Banco de areia com escritas de nomes, além do "#vergonha". (Foto: Liniker Ribeiro).

Compartilhado – Quem anda pelo parque para atividade física ou passear, o sentimento é de tristeza e incredulidade. A maquiadora Aline Fernandes, 27 anos, caminhava com a filha na tarde desta quarta-feira (dia 6) e comentou sobre a surpresa ao ver o lago. “Pensei que fosse ‘fake news’ quando vi imagens pela internet”.

“É um dos maiores atrativos da cidade, que já não tem muito o que fazer em relação ao turismo. É triste ver o lago nesta situação”, observou uma empresária que preferiu não se identificar. Para ela, o Poder Público tem de ter um “olhar melhor” no espaço. “O lugar é muito bonito, mas está faltando cuidado”, diz o motorista Vitor Leite Custódio, 28 anos, ao lado da esposa Gisele Santana, auxiliar administrativo de 33 anos.

Reportagem do Campo Grande News divulgada em 22 de fevereiro [confira no quadro “veja mais”] mostrou que tanto Prefeitura quanto Governo do Estado não se entendem quanto à solução do assoreamento.

O Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) afirmou que aguardava o projeto de reparo no Córrego Reveilleau, próximo ao Parque dos Poderes, por parte do município, que se limitou a dizer que “está desenvolvendo um projeto alternativo à bacia de contenção”, sem detalhar o projeto nem apresentar prazo para término.

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