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Cidades

Gerente de quadrilha integrada por PMs deixa prisão com tornozeleira

Operação levou para a cadeia policiais, servidores públicos e advogados

Por Dayene Paz | 14/05/2024 09:47
Arma e documentos apreendidos durante a operação Last Chat. (Foto: Divulgação | Gaeco)
Arma e documentos apreendidos durante a operação Last Chat. (Foto: Divulgação | Gaeco)

Apontada como integrante de uma quadrilha de tráfico de drogas e armas, Kelli Letícia de Campos, 38, conseguiu prisão domiciliar, em decisão no fim da tarde desta segunda-feira (13). Ela foi presa durante operação do (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), contra esquema integrado também por policiais militares e advogados de Mato Grosso do Sul. O líder da quadrilha é Rafael da Silva Lemos, o “Gazela” ou “Patrão”, fugiu da cadeia em dezembro do ano passado e é procurado até hoje.

Conforme a investigação, Kelli era dona de uma das principais empresas de fachada para lavar o dinheiro do tráfico: a KLC Construções e Transportes em Logística Eireli, com endereço no Bairro Parati, em Campo Grande. Além disso, o Gaeco aponta que Kelli contava com ajuda de um contador, para dar legitimidade à contabilidade da empresa, e também guardava os veículos de Rafael, o Patrão.

Presa desde a deflagração da operação, em 24 de abril deste ano, a defesa de Kelli pediu a prisão domiciliar por ela ter uma filha menor de 12 anos. O Ministério Público foi contra ao pedido, mas a Justiça determinou a prisão domiciliar.

"(...) a idade da criança denota a imprescindibilidade da mãe para o respectivo desenvolvimento. Nesse contexto, possível o deferimento do pedido de substituição da prisão preventiva por domiciliar com tornozeleira eletrônica, assim como pelo cumprimento de demais medidas cautelares", diz a decisão assinada pela juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna.

Em 8 de maio, outra presa na Last Chat também conseguiu liberdade provisória. Viviane Fontoura Holsback está sendo monitorada com tornozeleira eletrônica. Ela é tratada como companheira do líder do esquema, Rafael da Silva Lemos. Para a decisão, a juíza também levou em conta os dois filhos menores de 12 anos.

Operação - A Last Chat levou para a cadeia policiais, servidores públicos, e "gravatas do PCC", que prestavam serviço a Rafael da Silva. "Braço direito" dele, conforme a investigação, a advogada Paula Tatiane Monezzi, 38, repassava os recados do preso aos outros integrantes e recebeu mais de R$ 100 mil do grupo criminoso.

Rafael da Silva Lemos fugiu do presídio em dezembro do ano passado. (Foto: Divulgação)
Rafael da Silva Lemos fugiu do presídio em dezembro do ano passado. (Foto: Divulgação)

Paula e outros dois advogados, Cybelle Bezerra da Silva e Lucas Eric Ramires dos Santos, faziam parte do esquema de tráfico e lavagem de dinheiro, de acordo com levantamento do Gaeco - órgão ligado ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Paula já foi alvo de operação anterior e teve registro suspenso pela OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional de Mato Grosso do Sul).

A investigação aponta que ela auxiliava Rafael e, para isso, utilizava a própria conta bancária e a do namorado, que recebiam o dinheiro vindo do tráfico. Também levantava informações sigilosas para Patrão. Gaeco desconfia que advogada usava tablet de criança no “trabalho” para o PCC .

Um exemplo citado no processo foi a prisão de um dos integrantes, Jaderson Max Teixeira Brandão, flagrado com 1,5 tonelada de maconha pertencente a Rafael. Ao tomar conhecimento da prisão de Jaderson, Patrão entrou em contato com Paula para que ela tomasse providências. O objetivo era verificar se havia risco de os endereços onde a droga estava armazenada serem descobertos pela polícia.

Para isso, Paula precisava descobrir o que Jaderson havia dito para a polícia. Então, a advogada pagou ao policial militar Thiago Souza Martins para que obtivesse informações privilegiadas. Depois, repassou as informações a Rafael.

Em outro caso, quem desempenhou o mesmo papel foi a advogada Cybelle Bezerra, de acordo com a investigação. Após a prisão de outro integrante e "gerente" da quadrilha, Ítalo Eufrásio Lemos, ou "Itim", Cybelle o visitou com objetivo de orientá-lo sobre o que dizer para a polícia e não comprometer a quadrilha. Lucas Eric foi contratado e exerceu a mesma função, repassar recados de Rafael.

Gerentes - Havia uma segunda divisão na quadrilha, os chamados de "gerentes", segundo o Gaeco. Estavam inclusos: Ricardo Rodrigues Silva, Ítalo Eufrásio Lemos, ou "Itim", Kelli Letícia de Campos, e Klemerson Oliveira Dienstman. Eles exerciam espécie de liderança em relação aos demais integrantes.

Entenda - Investigação aponta que eles integram quadrilha de tráfico de armas e drogas, liderada por Rafael da Silva Lemos, conhecido como “Gazela” ou “Patrão”, que fugiu do presídio em dezembro do ano passado. A ação é desmembramento de outra investigação, da Operação Courrier, que chegou a prender um defensor público de Mato Grosso do Sul, em maio do ano passado.

A Last Chat cumpriu 55 mandados judiciais, de prisão preventiva e busca e apreensão, em Campo Grande, Ponta Porã, São Paulo (SP) e Fortaleza (CE). Segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), a quadrilha contava com uma rede sofisticada de distribuição.

"Simultaneamente ao tráfico de drogas, a organização criminosa atua fortemente no comércio ilegal de armas de grosso calibre, como fuzis e submetralhadoras, além de granadas, munições, acessórios e outros materiais bélicos de uso restrito", diz trecho de nota do MP.

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