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Cidades

Mato Grosso do Sul registrou 276 conflitos por terra nos últimos 9 anos

Dados revelam violência contra grupos indígenas e sem-terras, articulada principalmente por fazendeiros

Por Jhefferson Gamarra | 20/10/2023 15:59
Ttensão em área de conflito entre indígenas e fazendeiros em Caarapó (Foto: Helio de Freitas)
Ttensão em área de conflito entre indígenas e fazendeiros em Caarapó (Foto: Helio de Freitas)

Mato Grosso do Sul tem sido palco de uma crescente onda de conflitos por terra nos últimos nove anos, revelando um panorama preocupante de violência e tensões fundiárias. Dados recentes divulgados pela CPT (Comissão Pastoral da Terra) revelam que de 2014 a 2023 foram registrados 276 conflitos por terra no Estado.

De acordo com o levantamento, as brigas no campo afetaram grupos como indígenas, sem-terra, posseiros, ribeirinhos, assentados e pescadores, que na maioria das vezes foram articulados por fazendeiros, empresários, arrendatários, grileiros, igrejas, políticos, militares do Exército e os governos estadual, municipal e federal.

Durante o período, as vítimas desses conflitos enfrentaram uma série de violências, incluindo agressões, assassinatos, ameaças de morte, contaminação por agrotóxicos, danos, desaparecimentos, estupros, ferimentos, intimidações, mortes resultantes de conflitos, omissões e conivências, prisões, tentativas de assassinato e torturas.

Ao longo dos últimos nove anos, 41 municípios do estado de Mato Grosso do Sul testemunharam esses conflitos, com Dourados liderando a lista com 53 registros, seguida por Caarapó com 26; Coronel Sapucaia com 17; Amambai com 18; Aquidauana e Rio Brilhante com 15; Naviraí e Tacuru com 14; Japorã com 11 e Douradina com 10.

Os demais municípios registraram menos de 10 confrontos por terra: Anastácio (1), Antônio João (2), Aral Moreira (5), Bataguassu (1), Bonito (1), Campo Grande (1), Corumbá (6), Dois Irmãos (1), Eldorado (1), Guia Lopes da Laguna (1), Iguatemi (5), Jardim (2), Jatei (2), Juti (5), Ladário (1), Laguna Carapã (4), Miranda (9), Mundo Novo (2), Nioaque (5), Nova Alvorada do Sul (1), Nova Andradina (2), Novo Horizonte do Sul (1), Paranhos (7), Ponta Porã (2), Porto Murtinho (2), São Gabriel do Oeste (1), Selvíria (1), Sete Quedas (1), Sidrolândia (6), Terenos (5) e Vicentina (1).


A cronologia desses conflitos revela um aumento alarmante, com 2014 e 2015 registrando 18 e 17 conflitos, respectivamente. Os números cresceram em 2016, saltando para 24; em 2017 foram 18 e em 2018 o número caiu para 13. Em 2019, houve um aumento para 16 conflitos, que se intensificaram em 2020 com 58 casos registrados. A situação continuou alta em 2022, com 37 conflitos, e em 2023, apenas no primeiro semestre, um número alarmante de 69 conflitos foi registrado.


Os dados que lançam luz sobre essa situação foram coletados, organizados e registrados pelo Cedoc (Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno). A CPT, junto com outros grupos de direitos humanos e organizações da sociedade civil, vem pressionando as autoridades para lidar com essa escalada de violência e buscar soluções que garantam a segurança e o bem-estar das comunidades afetadas.

Confira abaixo a lista de ocorrência registradas desde 2014 em Mato Grosso do Sul, separado por data e cidade de ocorrência:

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